Colaboração promove cobertor de papa típico da Guarda apenas produzido na aldeia de Maçainhas

Cobertores de Papa
Cobertores de Papa
Foto por Jorge Elias | O Genuíno Cobertor de Papa
O cobertor de papa típico da região da Guarda, apenas produzido na localidade de Maçainhas, está a ser promovido pela Associação de Desenvolvimento Integrado da Rede das Aldeias de Montanha em colaboração com a Associação O Genuíno Cobertor de Papa.

O cobertor de papa é um acessório característico dos pastores serranos, obtido a partir da lã churra de ovelha, ou seja, lá de ovelha Churra, mais especificamente da raça autóctone portuguesa – a churra mondegueira, historicamente utilizada, na Serra da Estrela, para fabricar tecidos grosseiros (burel, saragoça), cobertores, mantas e panos para alforges vendidos depois aos pastores e camponeses serranos.

Segundo notícia da Lusa, a divulgação e comercialização do cobertor de papa surge no âmbito de uma colaboração estabelecida entre a Associação de Desenvolvimento Integrado da Rede das Aldeias de Montanha (ADIRAM) e a Associação O Genuíno Cobertor de Papa (AGCP), com sede em Maçainhas, a única entidade que assegura a produção do cobertor.

“Aquilo que nós queremos com esta colaboração (…) é ir buscar um produto do passado, mas que ainda é produzido com mãos e com mestria e colocá-lo, muita vezes com novas abordagens ao nível do design, com novas utilizações, na linha da frente em condições de comercialização em mais larga escala”, disse à agência Lusa o presidente da ADIRAM, José Francisco Rolo.

Explicou ainda como a valorização do cobertor de papa integra um processo de valorização que foi iniciado com o Projeto de Empoderamento Feminino “As Queijeiras”, “com a produção das capas da queijeira que, basicamente serviram para homenagear as queijeiras, ou seja as mulheres que produzem queijos Serra da Estrela e, simultaneamente, se transformou numa peça de ‘design’ para ser comercializada”.

O objetivo da ADIRAM, relativamente ao cobertor de papa, é “dar-lhe escala, dar-lhe visibilidade, dar-lhe notoriedade e aumentar o valor económico”, admitindo que o acessório típico se pode transformar “num produto de elevado valor acrescentado”.

Já Céu Reis, presidente da direção da AGCP, disse à Lusa que, no âmbito desta parceria, já foram produzidos cobertores com um ‘design’ específico para serem comercializados pela ADIRAM. A responsável considera a colaboração um “sinal positivo” e reconhece que “tudo o que traga progresso à região” é “sempre bem-vindo”.

“A produção está a ser feita em Maçainhas, somos o único local onde é feito o cobertor de papa artesanal e, para ele ser feito é preciso quatro artesãos trabalhando em conjunto, porque tem várias fases. Temos a parte da tecelagem que envolve dois artesãos e temos depois a parte do acabamento, que é o pisão, e a fazer o pelo e as râmbolas, que são mais dois, neste caso, duas artesãs [porque] era um trabalho feito por homens e, neste momento, está a ser feito por mulheres”, explicou.

O cobertor de papa chegou mesmo a deixar de ser fabricado, sendo a sua produção retomada pela AGCP, criada em maio de 2018. “Ele só se faz aqui, em Maçainhas da Guarda, a nível mundial. Portanto, achámos que seria um tesouro que não se pode perder. E, daí, nós avançámos e estamos no terreno. Não é fácil, mas estamos cá e isso é que importa”, rematou à Lusa Céu Reis.

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