Inv(f)erno

Foto por Sophie07 | Pixabay
Inverno seco da minha carne
Contos de fadas e verões
A esperança é velha sábia
Mas o romântico cético
Pode só sonhar
Vinhos quentes como sangue
Escorrem pela mesma garganta
Que o vômito
Mãos que abraçam e beijam
São as mesmas que acenam de longe
O amor é jovem travesso
Que quebra as pernas e corre
Todo mês
Inverno seco da minha carne
Ardo no inferno das suas rejeições
E meu corpo definha de desejo
No canto das minhas temerosas
Ambições
O mundo gira devagar quase parando
E quando se vê foram meses
Num borrão
O mundo faz-se em infinitos quilômetros
Mas os amantes e os problemas
Tendem a esbarrar em cada esquina
Antes era fácil
Antes eu era sozinha
Os solitários têm paz triste, mas sincera
O presente é psicodélico
E insuportável
O inverno seco da minha alma
A não solidão de meu mundo selvagem
Os amantes, os amigos e os problemas
Tudo soa como fadas e verões
Mas o romântico cético pode só sonhar
E sofrer

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Ana Haeitmann tem 22 anos e é mestranda em literatura na Universidade Nova de Lisboa. Natural de São Paulo, Brasil, vive em Portugal há quatro anos. Escreve poemas, narrativas e artigos jornalísticos.

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O renascer da arte a brotar do Interior e a florescer sem limites ou fronteiras. Contos, histórias, narrativa e muita poesia.

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