Hoje acordei pensando
Que não estava em casa
Queria fugir
Queria correr
Onde estou?
Quem sou eu?
Será que já não tenho nada?
E se não tivermos nada
Além de tempo?
E se tudo desaparecer
Em uma onda de sangue?
E se não formos nada
Além de gotas de um orvalho?
Ainda vai segurar minha mão?
Ainda vai me olhar nos olhos?
Diz a verdade hoje
Porque eu me tornei criança
E não sei mais esperar
Para o meu avô Paulo
Ana Haeitmann tem 22 anos e é mestranda em literatura na Universidade Nova de Lisboa. Natural de São Paulo, Brasil, vive em Portugal há quatro anos. Escreve poemas, narrativas e artigos jornalísticos.