Por entre montes esculpidos descemos suavemente, emoldurados pela lã de rebanhos.
Encontrámos uma casa de face voltada à vasta paisagem da serra verde, de um verde humilde e antigo, e salpicada por rocha.
O sol brilhava forte, mas o vento corria sem medo.
Uma paisagem que vigia e intimida, mas que também desafia os corajosos.
Por um trilho de pedras vivas, manchado de poças tornadas cristal pela noite, caminhámos sem medo, a olhar a serra de frente.
A adentrar o ventre da montanha, fértil e misterioso, poucas horas acariciado pelo sol.
Sol que dourava o cume lá no alto e fazia a água do ribeiro soar mais fresca. Uma água viva e irrequieta, pura e envolvente, a fazer coro com os pássaros madrugadores e o rumorejar das folhas cinza das árvores anciãs.
Aqui tudo é o que é.
Os fios que entrançam o dia relaxam e estendem-se perpetuando os segundos.
O corpo não sente o frio ou a dor, o corpo está.
E entre braços amigos consigo ouvir claramente o silêncio.