Agora, já passados alguns dias das eleições legislativas, divulgados e digeridos por todos os resultados oficiais, passamos a fazer algumas especulações com os números, círculos eleitorais e possíveis convergências, em especial à esquerda.
Foram eleitos 230 deputados, sendo 108 do PS, 79 do PSD, 19 do BE, 12 do PCP, 5 do CDS, 4 do PAN, 1 do Chega, 1 do Iniciativa Liberal e 1 do Livre. Esse resultado deu-se porque a eleição se realiza em círculos eleitorais, e cada círculo tem um número de deputados proporcional ao número de eleitores. Essa distribuição por partidos poderia ser diferente, por exemplo se todo o país fosse um círculo único.
Aplicando-se o método de Hondt num universo de votos, como se fosse um único círculo eleitoral a distribuição por partidos seria: 91 deputados para o PS, 70 para o PSD, 24 para o BE, 16 para o PCP, 10 para o CDS, 8 para o PAN, 3 para o Chega, 3 para o Iniciativa Liberal, 2 para o Livre, 1 para o Aliança, 1 para o PCTP e 1 para o RIR.
Fala-se em criar um sistema híbrido, que faça uma compensação destes votos para se equilibrar mais essa diferença, porém, como sabemos este método beneficia os partidos maiores, por isso é muito difícil uma proposta destas ser aprovada pela maioria, que é exatamente formada pelos partidos que mais beneficiam dessa forma de divisão dos votos por círculos eleitorais, sem compensação.
Partimos para uma outra análise, olhando para cada um dos círculos eleitorais, se o BE encontrasse convergência para disputar as eleições legislativas em coligação com o PCP o que aconteceria?
Essa coligação elegeria 1 deputado em Viana do Castelo, Viseu, Castelo Branco, onde não elegeram ninguém, e elegeria um deputado a mais em Braga, Porto, Coimbra, Leiria, Setúbal e Faro, resultando no total de mais 9 deputados para o campo da esquerda. Alcançando os 40 deputados da hipótese do círculo único.
Neste cenário, essa coligação retiraria 4 votos ao PS, 3 ao PSD, 1 ao CDS e 1 ao PAN, ficando como resultado 105 deputados para o PS, 75 para o PSD, 40 para o BE/PCP, 4 para o CDS, 3 para o PAN, Iniciativa Liberal, Livre e Chega continuariam com 1 deputado cada.
Brasileiro de Salvador, Bahia, residente desde 2015 na Covilhã, Cova da Beira, Portugal. Arquiteto especialista em urbanismo sustentável, atualmente faz doutoramento em Sociologia na UBI. Pesquisa questões que relacionam a mobilidade, participação pública e o despovoamento do interior.