No comício do Bloco deste domingo, em Lisboa, Mariana Mortágua quis falar das mulheres. E começou com o momento, há 25 anos, em que “o Bloco nasceu de uma das maiores lutas das mulheres pelo respeito que nos é devido e que constitui a democracia” e se juntou “contra a humilhação, a pena de prisão e mesmo o risco de vida das mulheres condenadas a abortos de vão de escada, depois de um voto em que a participação foi tão pequena que o reacionarismo venceu”. A isso respondeu-se fazendo “a esquerda mais forte” e poucos anos depois ganhámos o novo referendo que acabou com a vergonha da perseguição”.
De seguida, lembrou que “o vice-presidente de um dos partidos da AD, falando em nome da AD” veio “a proclamar a necessidade de voltar atrás para reverter a lei com um novo referendo”, questionando sobre se a pergunta seria “concorda que se volte a aplicar à mulher que aborte a pena de três anos de prisão?”
A coordenadora bloquista não acredita que se vá “mexer no referendo que encerrou o assunto” mas alerta que “o perigo” está na “ameaça da repetição do que o PSD e CDS já fizeram no seu último governo” e que Paulo Núncio traçou: “obrigar as mulheres a humilharem-se com assinaturas em ecografias, obrigarem-nas a pagar, olharem para elas como incapazes de decidir por si próprias”. Mas tem a convicção de que, pelo contrário, “a lei será melhorada, os serviços de saúde serão adaptados para a aplicar plenamente e as mulheres continuarão a fazer as suas escolhas ainda mais livremente”.
Recordou ainda que a primeira lei que o Bloco propôs, quando entrou no Parlamento, foi a da consagração da violência doméstica como crime público e que “os passos que desde essa aprovação foram dados trouxeram para o conhecimento público a violência contra as mulheres que se escondia dentro de portas”, tendo desde então sido conseguido o mais importante “melhorar a prevenção”.
Mariana Mortágua pensa que “a voz das mulheres é a força da democracia, e não, não aceitamos que nos interrompam”. Para ela, as mulheres são “uma barreira contra a direita do extremo preconceito e do extremo retrocesso”, destacando-se na luta pela escola pública, pelo SNS, pela habitação, “com o arco-íris contra o conservadorismo”, pelos cuidados, das pessoas com deficiência, das pessoas racializadas, entre outras. E terminou apelando a que “votem como mulheres”.
Adaptado de Esquerda.net