Duas semanas depois do início da greve (14 de março), em que os trabalhadores reivindicavam aumentos salariais justos e condições de higiene e segurança no trabalho, os trabalhadores das Minas da Panasqueira desconvocaram a greve, que estava prevista prolongar-se até dia 28 de abril.
Após várias chantagens e ameaças com intenção de recorrer ao lay-off, por parte da Bertalt Tin and Wolfram Portugal, que emprega 257 funcionários e propriedade do grupo canadiano Almonty, os trabalhadores acabaram por aceitar o aumento salarial de 6%.
No entanto, segundo Cláudio Faustino, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira, os trabalhadores não ficaram satisfeitos com o acordo alcançado, por entender que a empresa “tinha margem para mais”, mas justificou o acordo com “o cansaço de algum pessoal depois de dez dias de greve”.
Os trabalhadores reivindicavam um aumento salarial de 13%, um mínimo de 110 euros, melhores condições de higiene e segurança no trabalho, valorização das carreiras que estão estagnadas, pagamento de subsídio de risco para quem trabalha no fundo da mina e de subsídio de fogo para quem execute este tipo de tarefa, segundo consta no caderno reivindicativo do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira
Em declarações à agência Lusa, o administrador da empresa frisou que a mesma estava a entrar “numa situação que não conseguimos aguentar isto. Deixamos de cumprir os nossos contratos, não temos vendas, não temos dinheiro”. A empresa alegava não ter condições para manter a mina a trabalhar caso a greve se mantivesse por mais tempo. No entanto, o grupo tem vários investimentos previstos no valor de 150 milhões de euros em outras minas na Coreia do Sul e em Espanha.
Mário Matos, representando sindical, argumentou que as Minas da Panasqueira são as únicas da Almonty em exploração, que estão “a suportar o resto do grupo” e aludiu aos investimentos previstos, lamentando que, desses milhões, “não se invista também nos trabalhadores”.