A empresa contratada pelo Governo para auxiliar a transposição da nova PAC tem o mesmo diretor geral que a associação da indústria de celulose. Deputado bloquista Ricardo Vicente questionou Ministra da Agricultura. Por Esquerda.net
O Bloco de Esquerda questionou a Ministra da Agricultura na passada terça-feira, 4 de maio, sobre mais um caso de aparente conflito de interesses na definição do futuro da política agrícola e florestal portuguesa. A empresa em causa é a AgroGes, cujo Diretor Geral é Francisco Gomes da Silva, o ex-Secretário de Estado das Florestas do Governo de Passos Coelho e Assunção Cristas responsável pela lei que liberalizou a plantação de eucaliptos e que foi recentemente nomeado Diretor Geral da CELPA, a associação que representa os interesses das celuloses.
O deputado bloquista insistiu no pedido de esclarecimentos esta quinta-feira, desta vez no plenário parlamentar e na presença do Secretário de Estado da Agricultura. “O que falta ao Governo em disponibilidade para acolher o interesse público, abunda em compadrio com a indústria da celulose a quem não foi capaz de aplicar uma taxa”, afirmou Ricardo Vicente, lembrando a “taxa das celuloses” que constava dos últimos Orçamentos do Estado e nunca chegou a ser aplicada.
“Só assim se justifica também, que a avaliação ex-ante e a Avaliação Ambiental Estratégica da Política Agrícola Comum estejam entregues à AgroGes, vejam bem, empresa do Ex-Secretário de Estado das Florestas, Francisco Gomes da Silva, que foi recentemente promovido a Diretor Geral da CELPA, associação da indústria das celuloses”, prosseguiu o deputado.
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“Este é o país das portas giratórias entre sucessivos Governos e os grandes interesses económicos”
A seguir à comissão parlamentar onde questionou a ministra Maria do Céu Antunes, o deputado Ricardo Vicente reagiu nas redes sociais:
“A pergunta que se coloca é se não há aqui conflito de interesses. A ministra preferiu desvalorizar e afirmar que o serviço foi adjudicado através de concurso público. Este é o país das portas giratórias entre sucessivos Governos e os grandes interesses económicos, aqui está mais um exemplo”, afirmou.
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O deputado bloquista relembra que as áreas mais afetadas pelos grandes incêndios de 2017, como é o caso do Pinhal Interior, são também as áreas com menor cobertura do território pelos subsídios da PAC, sabendo-se hoje que é preciso inverter esta situação para promover a resiliência do território aos fogos rurais.
Para o Bloco de Esquerda, a transposição do novo quadro comunitário tem de ser conduzida em prol do interesse público e não dos interesses financeiros do grande agronegócio, salientou Ricardo Vicente.
E acrescentou que certamente que entre as instituições públicas, universidades e centros de investigação, se encontra capacidade instalada para apoiar as políticas públicas para o fazer, mas essa não foi a escolha do Governo.
Há até um Painel de Peritos mobilizado pelo Governo para o efeito, mas o mesmo tem sido ignorado pelo executivo e os seus membros queixam-se de falta de transparência nas decisões tomadas até hoje, tendo ocorrido já a demissão do Presidente do Painel de Peritos, Francisco Cordovil, que emitiu carta aberta no passado mês de fevereiro, denunciou ainda o deputado Ricardo Vicente.
Publicado por Esquerda.net a 6 de maio de 2021