O Conselho de Curadores entendeu “alertar a Direção Nacional para uma série de situações insólitas que se verificaram no seio da Delegação de Oliveira do Conde”. Em causa podem estar “hipotéticas lacunas, discrepâncias e até eventuais fraudes” na Delegação.
Numa nota à comunicação social, datada de 18 de outubro, e publicada no semanário Defesa da Beira, os curadores da Delegação da Cruz Vermelha de Oliveira do Conde entendem dar “um cabal esclarecimento da verdade e transparência dos actos (..) da situação que se tem vindo a vivenciar no seio da Delegação desde finais de 2019”.
A nota assinada pelos curadores Carlos Jorge Morgado Gomes, Luís Manuel Freire Gaspar Viegas, António Batista, Ana Paula Teles, Paula Roque, Mário Ruas e Francisco Batista, também louva o trabalho desenvolvido “com afinco e denodo” pela equipa de voluntários que “apesar das contrariedades quase diárias, continuam a prestigiar a Cruz Vermelha Portuguesa e a servir as populações”.
O comunicado, com o nome “como é possível?”, começa por referir que “durante o ano 2019, o Conselho de Curadores entendeu alertar a Direção Nacional da Cruz Vermelha para uma série de situações insólitas que se verificavam no seio da Delegação de Oliveira do Conde”.
Os Curadores tomaram conhecimento da vinda a Oliveira do Conde de uma delegação da Sede Nacional, chefiada pela vice-presidente comandante Lara Martins, onde foi exigido aos membros da direção local “a renúncia aos cargos mantendo-se, contudo, em funções o presidente da direção, que deveria escolher um novo elenco diretivo”.
Numa reunião, datada de 12 de dezembro de 2019, os Curadores foram informados pela Direção Nacional de “uma auditoria onde se revelavam hipotéticas lacunas, discrepâncias e até eventuais fraudes”.
Dado que o elenco diretivo se tinha demitido depois da solicitação da Sede Nacional foi proposto ao Conselho de Curadores que “o presidente da direção se mantivesse em funções, sendo acompanhado por mais quatro elementos, que com ele iriam formar a direção da Delegação”, tratando-se de uma situação de recurso.
Depois de 10 meses, nada foi feito. O Conselho de Curadores refere que “foram diversas as missivas enviadas à senhora vice-presidente nacional, Lara Martins, que, temos que reconhecer, se tem vindo a esquivar à resolução do problema”. Em maio deste ano, os Curadores “tentaram solicitar uma reunião com o atual presidente da direção. Tal não foi possível. O Presidente estava de baixa médica”. Assim, desde dezembro de 2019, o presidente da Delegação acumula os cargos de vice-presidente, tesoureiro, vogal e ainda coordenador.
O comunicado denuncia “como é possível que os resultados da auditoria não sejam conhecidos nem nada de concreto sobre eventuais fraudes ou desvios de verbas nos tenha sido comunicado? Como é possível que o ex-coordenador da Delegação nunca tenha sido formalmente demitido das suas funções? Como é possível uma Delegação funcionar sem qualquer comunicação e articulação entre Direção e os socorristas? Como é possível que os nomes dos elementos constitutivos da direção, que entretanto renunciaram aos cargos, continuam a constar dos dados da Contabilidade da Sede Nacional e na conta da Delegação na Caixa Geral de Depósitos?”.
Todos estes factos e mais alguns foram dados a conhecer pelo Conselho de Curadores à vice-presidente nacional e por isso “como pessoas idôneas e responsáveis não podem de forma alguma deixar de vir a público denunciar estes factos”, refere a nota.