A SIC transmite esta terça-feira “A Grande Ilusão – O ódio saiu do armário”, o primeiro episódio de uma reportagem sobre os meandros do partido de extrema-direita. Pedro Coelho denunciou que recebeu ameaças dos dirigentes do Chega. Por Esquerda.net
“Mergulhámos no interior do Chega e tentámos perceber do que é feita aquela massa”. Foi assim que o jornalista Pedro Coelho resumiu o trabalho feito ao longo de muitos meses sobre o partido de extrema-direita, em co-autoria com José Silva e Andres Gutierrez. Desse trabalho resultou uma reportagem que será exibida na SIC em quatro episódios. Mesmo antes da estreia, o jornalista revela que já recebeu ameaças de dirigentes do Chega. “O jornalismo não vai ficar em silêncio por causa destas ameaças”, assegura.
Inicialmente prevista para ser emitida em fevereiro, a reportagem terá dois episódios no ar antes das eleições presidenciais. Pedro Coelho justifica a mudança de calendário com a importância da informação recolhida. Quando se definiu o calendário inicial, “não imaginávamos aquilo que iríamos ter. E temos coisas obviamente necessárias para que as pessoas possam tomar decisões em liberdade”, afirmou numa entrevista na Edição da Manhã da SIC Notícias.
“Expliquei à direção de informação da SIC que nesta altura do campeonato o jornalismo serve para aquilo que sempre serviu: alimenta as pessoas de informação para que possam tomar atitudes em liberdade”, prosseguiu Pedro Coelho, depois de fazer uma antevisão do conteúdo do primeiro episódio da reportagem a emitir esta terça-feira no Jornal da Noite da SIC.
Como o título indica, a reportagem centra-se no ódio propagado pelo partido na sociedade. Um ódio que “vem do desencanto dos militantes do Chega”, que por sua vez “destilam todo o ódio que têm nas redes sociais”.
O Chega “é um partido muito alicerçado no ódio”, ao ponto de os jornalistas se terem tornado também vítimas desse ódio, prosseguiu Pedro Coelho, culminando na altura em que “começámos a receber ameaças de pessoas que são dirigentes do Chega”. Depois de muita insistência e de uma entrevista desmarcada, André Ventura acabou por dar uma entrevista para esta reportagem. “A mais estranha que fiz em 30 anos”, disse o jornalista nas redes sociais em dezembro.
“É importante que todas aquelas pessoas que não sabem o que é o Chega fiquem a saber”, defende o jornalista, concluindo que “se o jornalismo não influenciasse, não servia para nada”.
Publicado em Esquerda.net a 5 de janeiro de 2021
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