No dia 2 de Abril de 1976, o Padre Maximino Barbosa de Sousa e a sua aluna Maria de Lurdes, de 19 anos, foram assassinados pela explosão de uma bomba no carro em que seguiam. O atentado foi da autoria do movimento fascista MDLP e aconteceu a sete quilómetros de Vila Real, na Cumieira.
No caminho para casa da jovem de 19 anos, o padre Max, então candidato independente a deputado pela União Democrática Popular (UDP), parou por breves momentos em casa de um amigo. Tinha de ir buscar um garrafão de cinco litros que tinha emprestado. Encontrou-se com o amigo Carlos e trocaram umas quantas palavras e, depois, professor e aluna voltaram a entrar no carro para seguirem viagem. Mas não. Ouviu-se uma explosão. Uma bomba tinha explodido no carro onde o padre Max e Maria de Lurdes seguiam. Tiveram morte imediata. Era dia 2 de Abril de 1976 e foram enterrados dias depois num funeral de caixão fechado. Centenas de pessoas estiveram presentes e as suas mortes mostraram a ameaça que atuava no país durante a Revolução dos Cravos.
Foram vítimas de uma célula terrorista do Movimento Democrático de Libertação Nacional (MDLP), formada por António de Spínola a 5 de Maio de 1975 em Madrid. Além de ser bastante próximo da UDP, o padre Max tinha-se destacado a defender os oprimidos no seu percurso religioso, impondo-se contra a hierarquia católica (a Igreja Católica tinha fortes ligações à extrema direita). O padre Max fazia discursos em comícios em que acusava o clero “de conservar o povo ignorante para assim o dominar”, segundo Miguel Carvalho no livro “Como Portugal Ardeu”.
O MDLP era uma rede terrorista de extrema-direita inicialmente composta por militares, mas que se alargou nos meses em que atuou. Tinha o apoio do regime do ditador Francisco Franco. Organizou e levou a cabo uma série de atentados terroristas no país, numa tentativa desesperada de travar a Revolução de Abril.
Com o 25 de Novembro de 1975, estas células reduziram a sua atividade, acabando por desaparecer.
As redes de extrema-direita foram ignoradas por os seus atos servirem ao regime recém-instaurado como prova de ter existido um ambiente de iminente insurreição comunista para tomar o poder. O golpe militar reacionário de 25 de Novembro é assim legitimado. O Grupo dos 9 foi saudado e ainda hoje é continuamente elogiado.
Os responsáveis pelos assassinatos do padre Max e de Maria de Lurdes nunca foram condenados pela Justiça. A PJ do Porto não via outro motivo que não o passional, pois achavam que o “padre Maximino não gozava de boa reputação”.
(Escrito por DG)
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