Anúncio do início do transporte de cerca de 20.000 por ano pela SEAT S.A., através da linha da Beira Baixa até à Guarda e daí até à fronteira através da linha da Beira Alta vem comprovar a urgência da aposta na ferrovia e o erro estratégico do encerramento da ligação entre Covilhã e Guarda durante 12 anos.
O transporte destes carros era feito de comboio da fábrica associada da SEAT em Martorell, arredores de Barcelona, até Madrid, local onde passava a ser feita em transporte rodoviário até à fábrica associada da Wolkswagen – Autoeuropa – em Palmela.
Segundo o website ‘Aquela Máquina’, a viagem de regresso deste comboio levará veículos fabricados em Palmela para o porto de Barcelona, “a partir de onde serão distribuídos por estrada (para regiões de Espanha e sul de França) e de navio (para alguns destinos no Mediterrâneo)”.
O transporte entrou em vigor este mês de novembro e funcionará uma vez por semana, com uma estimativa de 184 automóveis por viagem em 16 vagões com 500 metros, cerca de 20.000 veículos ao ano.
Transporte feito por locomotivas diesel
Imagens do primeiro transporte mostram locomotivas diesel da empresa Takargo, ligada à Mota-Engil, a fazer o transporte ferroviário, levantando um coro de críticas online.
Segundo o que o Interior do Avesso conseguiu apurar, esta empresa só terá locomotivas a diesel. A SEAT S.A. garante que em 2024 será possível atingir a neutralidade das emissões, “com a chegada de locomotivas híbridas que irão permitir a utilização de eletricidade em 100% das rotas”.
Já no estado espanhol o transporte está a ser garantido pela Pecovasa Renfe Mercancías, também com locomotivas Diesel, devido à ausência de eletrificação na linha entre a fronteira e Salamanca.
A redução de emissões com esta operação tem vários valores a circular online. O website ‘Aquela Máquina’, ligado ao Correio da Manhã, fala que o serviço “evitará cerca de 2.400 viagens de camião e reduzirá em 43% (quase mil toneladas) as emissões de dióxido de carbono”. Já o Notícias ao Minuto diz que “esta iniciativa contribuirá para diminuir, em aproximadamente 80% das emissões emitidas em relação à utilização do camião”.
Segundo o Notícias ao Minuto, a aposta da Autoeuropa no transporte ferroviário “começou há dois anos, tendo iniciado esta atividade com capacidade para 250 veículos por dia, o que, no ano seguinte, se alargou para o dobro”.
Ligação entre Covilhã e Guarda fechada de 2009 a 2021
A ligação entre a Covilhã, na Linha da Beira Baixa, e a Guarda, Linha da Beira Alta, encerrou em 2009 para obras de requalificação.
Após serem intervencionados e modernizados 10 quilômetros desta via, as obras pararam durante o governo de Passos Coelho e Paulo Portas, PSD e CDS, deixando ao abandono esta ligação.
Linha reabre em 2021 após investimento de 77 milhões de euros, 52 milhões dos quais respeitantes à obra física, que permitiu reabrir o troço que estava fechado desde 2009. A obra integrou, entre outros trabalhos, a renovação integral de 36 dos 46 quilómetros do troço (dez já estavam intervencionados), bem como a reabilitação de seis pontes centenárias, a remodelação de estações e apeadeiros, drenagem e estabilização de taludes e a iluminação e automatização e supressão de passagens de nível.