O Movimento ContraMineração Beira Serra, a Associação Olho Vivo e a AZU – Associação Ambiente em Zonas Uraníferas estiveram esta manhã (9 de novembro), na Feira Semanal de Viseu, a recolher assinaturas para travar a intenção do Governo em avançar com a exploração mineira, de lítio e de outros minerais, na região.
A petição, que está a ser divulgada pelas associações, conta já com milhares de assinaturas contra a prospeção e exploração mineira na região. Continuará a decorrer até ao próximo dia 10 de dezembro, data em que termina a Consulta Pública do Relatório de Avaliação Ambiental Preliminar do Programa de Prospeção e Pesquisa de Lítio (PPP Lítio).
Só na região da Beira-Serra, mais de 20 concelhos são abrangidos pelas oito áreas contempladas no Programa de Prospeção e Pesquisa de Lítio.
Em concreto, falamos de 22 concelhos distribuídos pelos distritos de Castelo Branco (Belmonte, Castelo Branco, Covilhã, Fundão e Idanha-a-Nova), Guarda (Almeida, Celorico da Beira, Figueira de Castelo Rodrigo, Fornos de Algodres, Gouveia, Guarda, Mêda, Pinhel, Sabugal, Seia e Trancoso), Viseu (Mangualde, Nelas, Penalva do Castelo, Sátão e Viseu) e Coimbra (Oliveira do Hospital).
“É uma petição para dizer não. As pessoas não querem que seja pesquisado, prospectado e muito menos explorado o lítio e outros minerais, porque isto é pescar à linha, tudo o que vier à rede é peixe e o nosso abaixo-assinado é nesse sentido”, explicou António Minhoto, da AZU.
Para explicar quais as consequências que o avanço dos projetos de exploração mineira podem ter, o responsável da AZU utilizou como exemplo o concelho de Mangualde, “que para além de no passado ter sido escavacado por volfrâmio e por minas de urânio, é uma zona que vai ser derrotada, a pastorícia vai ser posta em causa, o que resta da floresta não vai resistir porque as minas de céu aberto vão matar, vão deixar poluição, vão dar cabo dos cursos hídricos”.
Considerou ainda que “na base da discussão pública” temos que demonstrar que o Governo está a conduzir este processo com “má fé” e “não está sensível aos argumentos das populações”.
Os ativistas partilham preocupação com a desinformação existente, particularmente entre as populações das zonas “em risco”. Renata Almeida, do Movimento ContraMineração Beira Serra, conta que o movimento já luta desde 2019 “por esta informação que não existe, ou seja, as populações estão em zonas sujeitas a um ou dois pedidos de prospeção e não são informadas”.
“O Governo tem negado que existe um plano de fomento mineiro, mas nós desde o início que dizemos que há”, considera Renata Almeida, frisando que “há claramente uma intenção uma vontade de avançar” com projetos como os do PPP Lítio (consulta pública lançada menos de 48 horas depois das Autárquicas) e os dos 14 contratos que foram assinados no dia a seguir ao chumbo do Orçamento do Estado para 2022.
A porta-voz do ContraMineração Beira Serra sublinha que estes timings favorecem a desinformação, “as vidas das populações estão em jogo e elas nem sabem o que se está a passar”, e que quando já estão em fase de contrato “é muito mais difícil combater estes projetos”.
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