Ricardo Vicente, deputado do Bloco de Esquerda, esteve em Mortágua um território “transformado pela monocultura do eucalipto, o que traz fortes riscos de incêndio, em especial incêndios de grande dimensão geográfica, intensidade e perigosidade”.
O deputado deslocou-se a Mortágua, um concelho fortemente afetado pelos incêndios de 2017, onde esteve junto à Central de Biomassa (Termoelétrica), numa ação conjunta das candidaturas do partido nos municípios de Mortágua, Carregal do Sal e Santa Comba Dão.
Tendo como plano de fundo a Central de Biomassa, foram debatidos assuntos como a regeneração e recuperação do tecido florestal, o combate à monocultura do eucalipto e a garantia da gestão e ordenamento florestal responsável e biodiversa (com respeito pela fauna e flora locais), na luta contra a escassez de água, o risco de incêndios e a erosão dos nossos solos.
Nota da candidatura de Mortágua afirma que se reconhece “que o tecido florestal não é resiliente ou ordenado e que o risco de grandes incêndios, semelhantes aos de 2017, seja cada vez maior”, realidade “progressivamente agravada pelo abandono da agricultura e dos seus ‘mosaicos’, que funcionam como travões dos incêndios.”
“Para termos um território mais resiliente precisamos de mudar a nossa paisagem. É preciso garantir outras espécies além do pinheiro bravo e do eucalipto, é necessário garantir serviços de ecossistema, é necessário garantir que a agricultura não é abandonada, é necessário que a produção agrícola e florestal estejam interligadas e garantam mosaicos resilientes aos incêndios”, defendeu o deputado.
Ricardo Vicente destacou ainda que “a produção de energia a partir de material vegetal neste momento está a ser feita de forma abusiva”, com grande investimento público em centrais de biomassa, que no seu entender deveria ser redirecionado para a transformação da paisagem, garantindo uma transição ecológica da floresta e agricultura.
A candidatura à Assembleia Municipal de Mortágua – Muito Mais Viva Que Morta defende que, para além de apostar no combate aos incêndios, é necessário apostar fortemente na sua prevenção, nomeadamente através da “aplicação dos Planos de Transformação da Paisagem, atualmente bloqueados nas secretarias dos Ministérios do Ambiente e da Agricultura.”
“A visita à Termoelétrica de Mortágua permitiu também que se levantassem algumas questões quanto à sua atuação. Existem suspeitas de que a Central esteja a usar madeiras de elevada qualidade e não apenas sobrantes de gestão florestal para a produção, o que choca diretamente com o que está acordado com o Estado Português e com os interesses dos munícipes. A Central é subsidiada pelo Estado para produzir energia com sobrantes de gestão florestal e não com madeiras de qualidade superior, que poderiam ter outro destino”, adiantou ainda a candidatura.
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