“Variante Nascente de Santa Comba Dão é prejudicial para o território e para a população santacombadense”

IP3
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No projeto de duplicação e requalificação da IP3 está previsto um novo troço (Variante Nascente de Santa Comba Dão), a unir o IP3 desde o nó do Rojão até ao nó de Treixedo/Vila Pouca. O movimento Santa Comba Dão Insubmissa considera a variante prejudicial para o território e para a população.

O projeto para a nova rota, que se prevê que atravesse o concelho de Santa Comba Dão, passando perto de localidades como a Cernada e a Póvoa de João Dias, surge no âmbito da fase de consulta pública da avaliação de impacto ambiental, cuja entidade promotora é a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), da obra “IP3 – Nó de Souselas (IC2) / Nó de Viseu (A25) – Duplicação/Requalificação” até ao dia 12 de julho de 2021. 

Em nota de imprensa, o Movimento Santa Comba Dão Insubmissa, do Bloco de Esquerda, considera a construção prejudicial por cinco motivos: 

  • O traçado desenvolve-se num corredor caracterizado por elevada heterogeneidade a nível litológico, de idade (Câmbrico ao Quaternário) e natureza diversas (sedimentares e metamórficas)

  • A Variante Nascente, com o novo traçado e mais uma ponte sobre o rio Dão, vai agravar ainda mais a caracterização da paisagem deste local, já por si prejudicada pela monocultura de eucalipto e pela albufeira da barragem da Aguieira

  • A VN vai retirar o tráfego da IP3 à cidade e ao concelho de Santa Comba Dão, já por si penalizado por viver inserido num território de baixa densidade populacional

  • Consideramos que o troço crítico para duplicação de via do IP3 entre a ponte da Linha da Beira Alta e a ponte sobre o rio Dão, de um quilômetro, pode ficar com o atual traçado requalificado e devidamente sinalizado, duplicando o restante T3 (Santa Comba Dão-Viseu). 

  • A nova ponte sobre o rio Dão acarreta grandes impactos visuais associados a alterações dos usos, com consequentes reflexos em termos paisagísticos, no presente caso com particular incidência ao nível de afetação do terreno natural

O novo troço surge com a justificação fundamentada em questões financeiras, segundo os documentos em consulta pública, fica mais barata esta opção do que duplicar a via já existente do IP3 entre o nó do Rojão e o nó de Treixedo/Vila Pouca.

“A zona crítica e que é considerada difícil de duplicar é a que passa junto à ponte da Linha da Beira Alta, a ponte do IP3 sobre a ribeira do Vimieiro e a ponte do IP3 sobre o rio Dão. O trecho Ribeira do Vimieiro/Travessia do Rio Dão, dos km 83,7 até 84,7 é identificado como ‘com muitos constrangimentos à duplicação da via existente’”, explica o movimento.

A Variante Nascente conforme proposta “incluirá uma nova ponte de 705 metros de comprimento sobre o rio Dão e sobre a Linha da Beira Alta, em exploração, e o Ramal de Viseu que foi adaptado para Ciclovia”. O caderno de encargos obriga ainda a que o novo traçado tenha uma velocidade mínima de 100 km/h, “o que é impraticável neste troço crítico denominado como trecho Ribeira do Vimieiro/Travessia do Rio Dão.”

O Santa Comba Dão Insubmissa considera que “o troço crítico para duplicação de via do IP3 (km 83,7 até 84,7) entre a ponte da Linha da Beira Alta e a ponte sobre o rio Dão, de um quilômetro, pode ficar com o atual traçado requalificado e devidamente sinalizado, tal como ficou quase a totalidade do troço já requalificado entre a Lagoa Azul e Penacova”.

O movimento estranha ainda que as entidades competentes, entre as quais a Câmara Municipal de Santa Comba Dão, proponente de uma concessão hidromineral, a APA e a Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), “não tenham fornecido qualquer tipo de documentação ao processo de consulta pública sobre a área protegida do Granjal.”

Defendendo “que não se pode continuar a hipotecar os nossos recursos naturais, o meio ambiente e a biodiversidade local por questões financeiras, tal como são tomadas a maioria das decisões políticas, prejudicando assim os territórios já por si penalizados devido à baixa densidade populacional, à falta de serviços públicos e à falta de proteção e conservação do património comum.”

Na documentação em consulta pública pode ler-se que “foi igualmente solicitada toda a informação relevante à Câmara Municipal de Santa Comba Dão (entidade proponente da Concessão Hidromineral do Granjal), sem se ter recebido também por parte desta entidade qualquer informação sobre esta concessão. Importa também sublinhar que a Câmara teve conhecimento, desde o início dos estudos e projetos, do corredor em estudo para uma Variante Nascente do IP3, inclusive aproveitando um corredor reservado no PDM para ligação IC12/A1(IP1)”. 

As obras a decorrer na IP3 estão divididas em cinco troços: T0 (Penacova-Lagoa Azul) – Reabilitação, T1 (IC2-Penacova) – Duplicação, T2 (Lagoa Azul-Santa Comba Dão) – Duplicação, T3 (Santa Comba Dão-Viseu) – Duplicação e VN (Variante de Santa Comba Dão, Variante Nascente) – Novo traçado, com um total tem 9,3 km, contudo, há uma parte do traçado que é coincidente com o IC12, sendo que o trecho a construir é de 5,8 km. O primeiro troço (Penacova-Lagoa Azul) já está em fase de conclusão. 

 

Estudo de Impacte Ambiental da segunda fase de requalificação do IP3 está em consulta pública

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