Não queremos flores queremos direitos!

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Temos 365 dias no ano, além do 14 de Fevereiro e do 8 de Março e queremos ser respeitadxs em todos eles!

Continuamos a dar flores, massagens, oferecer promoções, jantares e chocolates. A dirigir estas ofertas aos namorados, que devem agradar às namoradas (seja a 14 de fevereiro – ‘dia dos namorados’ – ou no 8 de março – ‘dia das mulheres’ -). Reforçamos as relações heteronormativas e reforçamos-las com base numa ideia estigmatizada do que as namoradas e esposas querem.

Continuamos a fingir que está tudo bem. Que Em 2019 não foram mortas cerca de 30 mulheres em contexto de violência doméstica.

De acordo com o Estudo Nacional sobre a Violência no Namoro (2019) da UMAR:

  • 67% dxs jovens consideram normal pelo menos um tipo de violência. 58% dxs jovens que estão numa relação reportam algum dos indicadores de violência analisados. E 75% dxs jovens que relataram algum episódio de violência, consideram-na normal;

  • 27% legitimam que xs parceirxs os controlem;

  • 24% legitimam a violência sexual e a perseguição;

  • 23% legitimam violência através das redes sociais;

  • 16% legitimam violência psicológica;

  • 9% legitimam violência física.

Em comparação a 2018, essas legitimações diminuem em apenas 1%, exceptuando a violência psicológica que se manteve, e a legitimação da violência física, que aumentou em 1%.

Por sua vez, os relatos de todos os tipos de violência aumentaram drasticamente, o que poderá significar uma maior noção dxs jovens em relação à violência nas relações de intimidade, ou um real aumento dos indicadores estudados.

Precisamos de medidas eficazes de informação e de acompanhamento, nomeadamente nas camadas mais jovens. É urgente intervir sobre as causas que legitimam e escondem qualquer tipo de violência, sabendo que é imperativo que este trabalho se inicie precocemente e tenha continuidade.

Sabemos que a violência nas relações têm uma grande base patriarcal e não o esquecemos. Mas também sabemos que somos a leveza das flores com a força das raízes.

Dia 14 de Fevereiro, e a caminho do 8 de Março em Viseu, a Plataforma Já Marchavas, em colaboração com alunxs de várias escolas, irá distribuir flores feitas de papel de jornais que nos transmitem todas estas notícias de violência e de normalização de comportamentos opressores. Com mensagens discrepantes do que se tornou a normalidade neste dia e em todos os outros dias. Na esperança que a continuidade desta legitimação seja tão frágil como papel.

No dia 8 de Março, dia Internacional da Mulher, voltamos a meter Viseu no mapa das cidades que por todo o mundo participam no movimento internacional da Greve Feminista Internacional. Saímos à rua para uma concentração, um lanche partilhado, momentos culturais e microfone aberto, no Jardim Tomás Ribeiro (Rossio) com início às 16 horas.

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A Plataforma Já Marchavas é um movimento de cidadãs/ãos e de colectivos unidos na defesa de direitos Humanos, Ambientais e Animais.
O projecto Já Marchavas nasceu em maio de 2018 em Viseu reunindo sinergias diversas. Ainda em 2018 o projecto Já Marchavas levou mais de mil pessoas a participar na 1a Marcha pelos Diretos LGBTI+ em Viseu, denominada por alguns como a Marcha do Amor. A Plataforma Já Marchavas surgiu no ambiente pós-marcha concretizando a cooperação do projecto inicial e dando-lhe continuidade para outras causas comuns. Em Dezembro a Plataforma passou a integrar a Rede 8 de Março.

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