O conjunto de serviços encerrados no distrito (de Bragança) nas áreas da educação, da saúde, da justiça, do emprego, das acessibilidades que violam preceitos constitucionais, como sejam o de “promover o desenvolvimento harmonioso de todo o território nacional”, bem como “a igualdade real entre os portugueses”, entre muitos outros, e por via disso, poderão colocar em causa a viabilidade de alguns concelhos.
O encerramento de escolas, o encerramento do atendimento médico permanente nos seus Centros de Saúde, com algumas aldeias a ficarem a mais de uma hora de um centro hospitalar, o encerramento dos tribunais, a diminuição drástica de funcionários públicos… perante a visível impotência das forças políticas distritais, a acomodação das populações e a ausência de debate e de alternativas para inverter o subdesenvolvimento a que este conjunto de medidas nos levou. Continuamos a assobiar para o ar. A contestação resumiu-se a intenções pouco fundamentadas e todos olharam apenas para o seu “quintal” quando se exigia uma atitude supramunicipal e suprapartidária.
É o interior que está a encerrar. Estamos a morrer sem qualquer honra e glória. O mundo rural está a ser transformado em “reserva de índios”, qual política de “terra queimada” utilizada pelos colonizadores norte-americanos nos seus confrontos com os denominados “peles vermelhas”. Pouco mais nos restará que a colocação de uma rede ou um muro envolventes, com entradas guardadas e bem sinalizadas. Terra estranha com gente diferente e quem nos quiser ver que pague bilhete. Disso viveremos…
Não será tempo de dizer basta!
Natural da freguesia de Selores, concelho de Carrazeda de Ansiães.
Professor do 1º Ciclo do Ensino Básico, mestrado em cultura portuguesa, doutorando em língua e cultura portuguesa. Socio-fundador da Cooperativa Rádio Ansiães e seu diretor entre 1987 e 1997. Colaborador de vários jornais locais e regionais.