O tempo urge

Foto de Vitor Oliveira | Flickr
O habitante do distrito de Bragança tem assistido impotente ao esvaziamento de serviços e à tendência crescente e irreversível, de estancar um processo de desertificação humana e desinvestimento económico. O distrito não tem tido lideranças fortes em que os habitantes se revejam.

Os senhores deputados do distrito não têm sido pouco mais que “comissários políticos”, dependentes de lógicas partidárias e ou governamentais, pautando o seu desempenho, quando na bancada que apoia o governo, de forma a atenuar o possível descontentamento das populações; ou, na oposição, clamarem, sem um discurso coerente e consistente, pelo esquecimento do governo central, esquecendo as práticas exactamente iguais que o seu partido, anteriormente no governo da nação, implementara. Esta é um desempenho que se repete, rotineiro e previsível a que os naturais, habitualmente, não dão importância porque despido de pouco crédito.

Os senhores presidentes da câmara não diferem muito desta lógica, acrescida de não retirarem os olhos do seu quintal, por isso mesmo prescindem da união de esforços para implementar políticas concertadas, apoiadas em projectos comuns e decisivos para o desenvolvimento da região. Cada concelho construiu o seu parque de lazer, o seu campo de futebol, a sua casa da cultura…

A região e o país necessitam de um nordeste transmontano habitado, desenvolvido e vigoroso e isso consegue-se com investimento público, vontade e empenho de todos os naturais, consciência regional que interaja com as regiões limítrofes, incluídas as do país vizinho. Para tudo isto se concretizar é necessária uma nova mentalidade: dos líderes locais e regionais libertos dos espartilhos partidários, com competência e capacidade para abandonar a política centrada no seu “quintal” exigindo-se agora, projectos com âmbito supramunicipal; dos agentes económicos para que abandonem de vez a subserviência e tenham vontade própria e capacidade de risco.

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Natural da freguesia de Selores, concelho de Carrazeda de Ansiães.
Professor do 1º Ciclo do Ensino Básico, mestrado em cultura portuguesa, doutorando em língua e cultura portuguesa. Socio-fundador da Cooperativa Rádio Ansiães e seu diretor entre 1987 e 1997. Colaborador de vários jornais locais e regionais.

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