Digo, sinceramente, que nem sei muito bem como reagir. O modelo de família tradicional, a ideia da criação de um estatuto legal e fiscal da “mulher dona de casa”, uma tal de ideologia de género (que nem sei o que isso é), a cultura da morte, resgatar a “sovietização” do ensino, legislação que facilita o divórcio, a proibição do casamento entre homossexuais…são matérias que nos transportam para tempos que não queremos que voltem.
Todas estas temáticas são apresentadas por pessoas ultra conservadoras que colocam em causa todas as lutas destes 50 anos de 25 de Abril e de tudo o que levou à Revolução dos Cravos.
Frases como os “adversários da família são a escola pública, a ideologia de género….” são uma afronta a todas as pessoas que lutam diariamente por uma sociedade mais justa e pela igualdade e equidade para toda a gente.
As mulheres são notoriamente alvo de ataque.
É um retrocesso atroz que as coloca, que nos coloca como donas de casa, como seres reprodutores e pouco mais.
Sinto-me atacada e ofendida!
Aliás, considero que muitos homens e mulheres se sentem ofendidos/as por estas declarações e por esta mentalidade que desrespeita tudo o que representa a democracia e a liberdade.
Temos de combater estes discursos e estas tentativas de voltar atrás, de, quiçá, tentar alterar leis e decretos que possam fragilizar a democracia e coloquem em causa direitos fundamentais.
Uma coisa é certa, as famílias precisam de ajuda… precisam de melhores salários, de horários de trabalho que as respeitem, mais e melhor escola pública, mais e melhor habitação pública, mais e melhor saúde pública…sem guerra, sem fome e menos crises climáticas!
As famílias não precisam que lhes digam como devem ser constituídas, como e com quem as formar e construir, porque família é mesmo um conjunto de pessoas que vivem juntas…pai, mãe, pais, mães, filhos, filhas, avós, avôs…com ou sem ligações biológicas, com ligações afectivas ou legais e que o que querem e têm direito é mesmo uma vida boa.
Nascida em Viseu em 1967, é sobejamente conhecida na cidade que a viu crescer, pela dedicação e alegria com que se empenha na sua intensa actividade profissional, cívica, desportiva, associativa, sindical, cultural e política. Professora de Educação Física e Mestre em Atividade Física e Desporto. De 2008 a 2013 foi presidente da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Viseu. Actualmente é dirigente sindical (SPRC Viseu, FENPROF), foi membro da Direcção da FRAP (Federação Regional de Associações de Pais) de Viseu, Membro da Associação de Professores de Educação Física - APEF VISEU. Membro da Comissão Concelhia de Viseu e da Comissão Distrital de Viseu do BE. Esta autora escreve segundo o antigo acordo ortográfico.