a utopia feita verbo

às vezes fico indecisa se anseio pelo anseio
ou se a ansia de ansiar é só coisa de tolos

borboletas no estomago é uma coisa de acidez e de foro gástrico
nem mais nem menos

o resto que seja impulsivo não é mais que instinto resquício do que em mim é animal

há em mim ainda uma que sou eu que me luto dentro
e por fora sou luto resultado do tormento

há uma parte de mim que avassaladoramente me avassalou
e me tornou vassala… porém não sei se vá ou fique

tem de mim terra o que ainda te sirva

tem de mim vento o que ainda seja leve

tem de mim água apenas o que se dissolva

e tu sol faz que de mim se dissipe o que de mim reste
nada do que de fora venho me acende a alma
esta já só aquecerá por dentro
não há canção, nem evento
que me faisque a vontade

era tão fácil ficar deslumbrada
e tudo muda à medida que a Terra se vai tornado ocre
e depois bafejada pela humidade e pelo húmus

quando voltar a magia será
apenas realidade
num pouco o que era tanto
se tudo for mais coeso se for concreto
se tudo for mais forte se for perto
a utopia feita verbo
submete-se ao risco do desencanto

Outros artigos deste autor >

O renascer da arte a brotar do Interior e a florescer sem limites ou fronteiras. Contos, histórias, narrativa e muita poesia.

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Nasceu em Chaves no ano de 1979.
Licenciada em Ensino Biologia-Geologia pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, no ano de 2001. Mestre em Ciências de Educação - Especialização em Animação Sociocultural pela UTAD. Frequentou o 2.°ciclo do curso Bietápico de Licenciatura em Engenharia do Ambiente e do Território do Instituto Politécnico de Bragança.
Lecionou, como docente contratada do grupo de Biologia e Geologia, em várias escolas do país.

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