Foi numa longa noite
Em que o frio estremeceu
Até àquela madrugada
Que aqueceu os nossos corações,
Nascendo,
Sob uma esperança fértil e húmida,
Flores vermelhas
Nas nossas selhas,
Cravos encarnados
Rompendo os encadernados
A tinta azul atados.
Foi numa longa noite
Que o povo te adormeceu
Forçado por aquela escuridão
Até àquela madrugada
Em que se soltou e se deu
Um canto outrora reprimido
Em tom sincero e grave,
Que terminou o tempo agudo
Que ensurdecia,
Cegando os versos
Dos livres pássaros,
Voando,
Recusando tais passos.
Agora é dia,
É dia
Enquanto os pássaros voando
Cantarem
E as flores brotarem em tons de vermelho.
Urge que não se pisem as flores
Nem se abatam os pássaros!