Três poemas da Ana Haeitmann

1

Título: Arte antropofágica

Se a minha buceta tivesse dentes

Eu te mastigava toda

Em um ritual antropofágico

Se a minha buceta tivesse língua

Eu lamberia seu sangue 

Até suas veias cederem

Em uma pintura abstrata

Dessa forma, 

Você seria minha

Para sempre imortalizada

Em meu estômago quente

Ou em uma tela frígida 

2

(Sem título)

Grande buceta andante
Dois mais dois são dois
Nada soma nada subtrai
Constante constante
Sem cessar
Roda roda
Dois mais dois são três
Mais uma dor na equação
Sono sono sono
Roda roda roda quebra
Roda quebra
Cai
Dois mais dois são cinco
Nunca quatro
Nada soma nada subtrai
Olheiras olhos olheiras
Vermelhos olhos vermelhos
Lágrima seca seca lágrima
Seca seca seca
Olheira vermelho seca
Dois mais dois são zero
Por que?

3

Título: Coimbra

E esses muros
Secos velhos e úmidos
Quantas lágrimas
Por lá passaram
E quantos amores!
Mil amores!
Ah se esses arcos fossem tão curvados quanto a ética
Ah se esse chão fosse tão duro
Quanto a vida
Os galhos se retorcem
Na medida da prosa
Cada dia o inverno penetra mais
Em minha alma perdida
Mas isso são só pesares
De uma velha sozinha

Autoria de Ana Haeitmann

Outros artigos deste autor >

O renascer da arte a brotar do Interior e a florescer sem limites ou fronteiras. Contos, histórias, narrativa e muita poesia.

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Ana Haeitmann tem 22 anos e é mestranda em literatura na Universidade Nova de Lisboa. Natural de São Paulo, Brasil, vive em Portugal há quatro anos. Escreve poemas, narrativas e artigos jornalísticos.

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