O relatório ‘O Veneno em Espanha – Evolução do envenenamento de fauna silvestre (1992-2017)’, que acaba de ser publicado, revela que, em 25 anos, entre 1992 e 2017, foi confirmada a morte devido ao consumo de iscos envenenados de 21 260 animais.
Produzido pela Sociedade Espanhola de Ornitologia SEO/BirdLife e pela ONG WWF, o documento alerta, contudo, que o número real de casos pode ser bastante superior e chegar aos 200 000. No total, foram registados 9 700 delitos envolvendo venenos contra a fauna silvestre no país vizinho naquele período.
O relatório também conclui que o uso ilegal de venenos tem um impacto muito grave sobre a biodiversidade em Espanha, sendo as espécies de aves de rapina o grupo de animais mais afetado (35%), seguidos dos animais domésticos (21%) e dos carnívoros terrestres (9%).
Verificou-se também que os municípios espanhóis de Tudela, Zaragoza, Bunyola e Albacete são os que registam mais casos de animais envenenados em Espanha.
Tal como em Espanha, o uso ilegal de venenos em Portugal é igualmente uma grave ameaça para a fauna silvestre e para a biodiversidade, sendo também um problema que afeta a saúde pública e os ecossistemas.
O projeto Sentinelas – Marcação e seguimento de fauna silvestre como ferramenta de combate ao uso ilegal de venenos em Portugal, desenvolvido pela Palombar – Conservação da Natureza e do Património Rural, em parceria com a Universidade de Oviedo, em Espanha, a par com o Programa Antídoto Portugal, é um instrumento fundamental na luta contra o uso ilegal de venenos no país e tem desenvolvido estratégias multidisciplinares para fazer face a esta problemática, com foco numa abordagem de cooperação com os vários intervenientes nesta luta e de atuação junto da comunidade.
‘O Veneno em Espanha – Evolução do envenenamento de fauna silvestre (1992-2017)’ – Relatório 2020 pode ser descarregado aqui.
A Palombar – Associação de Conservação da Natureza e do Património Rural é uma entidade sem fins lucrativos, criada em 2000, que tem como missão conservar a biodiversidade, os ecossistemas selvagens, florestais e agrícolas e preservar o património rural edificado, bem como as técnicas tradicionais de construção. A associação, que atua orientada por uma abordagem pedagógica e de cooperação, promove também a investigação científica nas áreas da Ecologia, Biologia da Conservação e Gestão de Ecossistemas, a educação ambiental, o desenvolvimento das comunidades e a dinamização do mundo rural.