Garroba, a leguminosa nativa e resistente que fixa nitrogénio, aduba e alimenta a fauna silvestre

Foto de Cláudia Costa
A garroba (Vicia articulata) é uma leguminosa nativa do Nordeste Transmontano, uma variedade tradicional antigamente muito cultivada e semeada atualmente pela Palombar – Conservação da Natureza e do Património Rural todos os anos nas suas diversas sementeiras, as quais contribuem para fomentar a biodiversidade de fauna e flora na região. O cultivo de variedades de sementes tradicionais é fundamental para o ecossistema.

Esta é uma espécie adaptada ao território, sendo resistente à seca quando estabelecida, bem como a doenças fúngicas. A época de floração é entre maio e julho. Pode ser semeada na primavera ou no outono.

Quais são as vantagens da garroba para o ecossistema?

– Produz uma boa quantidade de folhagem e serve de alimento para várias espécies de fauna selvagem, nomeadamente aves, como a perdiz-vermelha (Alectoris rufa) e o pombo-das-rochas (Columba livia), que, por sua vez, são presas de diversas aves de rapina ameaçadas, e mamíferos, como o javali (Sus scrofa). É também um alimento muito nutritivo para o gado doméstico;

– Promove a fixação biológica de nitrogénio atmosférico, o que traz vários benefícios para os cultivos agrícolas: permite um menor uso de adubos nitrogenados, que resulta em economia para o agricultor; permite o auto-fornecimento de nitrogénio utilizado para a formação da planta e minimiza os impactos do nitrogénio sobre o meio ambiente, aumentando a produtividade, especialmente em solos deficientes em azoto disponível;

– A garrroba também pode ser utilizada como um excelente adubo verde biológico, fornecendo nitrogénio para o solo e melhorando as suas propriedades físicas, químicas e biológicas; parte do nitrogénio fixado pela planta é utilizado não só por esta na fase de crescimento, mas também por outras plantas que crescem nas proximidades. Pode também ser, por exemplo, um extraordinário adubo verde para as vinhas, resistindo à secura, ao vento e às geadas da terra fria. Neste âmbito, a Palombar colabora com o projeto de produção biológica de vinho Menina duva.

A garroba pode ainda ser usada para consumo humano, desde que seja colocada de molho, para a libertação do composto L-canavanina presente nas sementes, e a água descartada.

Outros artigos deste autor >

A Palombar – Associação de Conservação da Natureza e do Património Rural é uma entidade sem fins lucrativos, criada em 2000, que tem como missão conservar a biodiversidade, os ecossistemas selvagens, florestais e agrícolas e preservar o património rural edificado, bem como as técnicas tradicionais de construção. A associação, que atua orientada por uma abordagem pedagógica e de cooperação, promove também a investigação científica nas áreas da Ecologia, Biologia da Conservação e Gestão de Ecossistemas, a educação ambiental, o desenvolvimento das comunidades e a dinamização do mundo rural.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Related Posts
Ler Mais

O limiar

Podemos colocar o problema do seguinte modo: qual é a forma positiva da classe trabalhadora? Como e quando…
Skip to content