Pingos

Pingos de chuva embrulhados em vento forte são levados para o candeeiro da rua

Desenham sem lamento imagens lavadas antes de caírem no chão empedrado

Dançam com euforia as formas informes dum novo dia.

Todos juntos desenham um rego esperançoso de vida

Rasgam com apego as encostas serranas, lapidam a pedra mais aguda sendo torrente

E escondem as panelas de ouro da moura desnuda para a Terra salvar.

Mergulham da cascata até ao poço redondo 

Impondo a bela beleza da ágata, acenam adeus aos dendrobatas da foz.

Sendo maiores no rio que se alarga até ao imenso azul refletido do céu

Desaguam no oceano para serem maiores que meras gotas.

Abraçam amores no cântico de invisíveis sereias

Alcançando os futuros oceanos.

Nestes estranhos anos, o Sol nos continentes

 Acompanha com o calor da alegria e do amor o livro da Terra.

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Paulo Fernandes nasceu em Abraveses, Concelho de Viseu em 1969, Bacharel no Curso de Professores do Ensino Primário, pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, concluindo a Licenciatura para o 1.º Ciclo do Ensino Básico no polo de Lamego da Escola Superior de Educação de Viseu. Especializou a sua formação para Educação e Desenvolvimento em Meio Rural no Instituto de Comunidades Educativas em Setúbal.
Desenvolveu a sua atividade profissional em vários locais, incluindo São Pedro do Sul, Campia (Vouzela) e Santa Cruz da Trapa (São Pedro do Sul).
Vive nas montanhas mágicas do concelho de São Pedro do Sul, na aldeia do Candal.

O renascer da arte a brotar do Interior e a florescer sem limites ou fronteiras. Contos, histórias, narrativa e muita poesia.

1 comment
  1. Excelente poema Prof. Paulo. Ao ler senti-me parte da montanha a receber os pingos da chuva como lago refrescante.

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