Nuvens são regos de água pairando no céu
Umas são brancas, outras cinzentas, outras negras como breu
Dependendo da incidência da luz do Rei Sol.
Levadas pela vontade do vento
Fundem-se como eu numa consciência da lei do Universo
Que sem indícios de exigência e mágoa nos protege.
Uma luz húmida cai de muito alto, chove a potes na rua,
Lava a calçada de granito num só grito lançado à amada Lua.
Na energia atirada pelo relâmpago
Apanho no âmago a força dos regos de água destilada
Adormeço sem medos no berço de penedos da serra.
Desperto e tropeço num fotão do Sol a pintar magenta, rosa e laranja as nuvens
Entrego-me ao horizonte da aurora que faz sonhar as cores de infinitos amores.
Desentristece meu coração perante este céu vestido de alegria e eterna esperança
Na infinitude duma nascente esperança que paira sobre a Terra
Apanho a semente do amor na fonte.