Nos votos semeados,
Calcados, contados e recontados,
Com a tinta da liberdade
E com um travo a cravo.
Era vermelho esse cravo,
Mas os teus olhos eram verde de esperança,
Olhos que outrora foram negros de escuridão.
Nasceste nos braços em que choraste
E te abrigaste
Enquanto eras obrigado a amamentar com o teu sangue
O poder déspota que te chupava as entranhas e a alma.
Nasceste naquele peito cheio com o qual gritaste
Tremendo temendo
Mas corajosamente
Mesmo que esse peito pudesse ser baleado
Pela arma da opressão e repressão.
Chegou de trevas e escuridão!
É tempo de liberdade!
Agora vives
Nos lábios de emoção a clamarem razão,
Na democracia
E nessa alegria
De sorrir sem esconder,
De gritar sem temer,
De escolher, querer e crer.
Para cresceres apenas te falta ser livre de preceitos
E preconceitos,
Completamente livre para pensar
E não esperando pensar e acreditar
O que qualquer outro defecar
Agindo, assim, como autómatos duma máquina
Que é a sociedade
De consumo sem cessar,
Por vezes um pouco perdida,
Tantas vezes desligada da vida.
Sê diferente para seres livre,
Para que essa máquina se ligue verdadeiramente,
Genuinamente.
Não enchas a boca da putrefação defecada por outros,
Quando podes enchê-la de belos cravos naturais
E mastigá-los,
Saboreá-los
Absorvê-los!