A central nuclear espanhola instalada numa zona de risco sísmico junto ao rio Tejo e a 110 quilómetros da fronteira com Portugal viu a sua licença prolongada. O Bloco de Esquerda, a par de vários movimentos ambientalistas ibéricos, considera a decisão “um enorme risco”.
A central nuclear de Almaraz, em Espanha, tem agora licença do Conselho de Segurança Nuclear (CSN) do país para funcionar até outubro de 2028. Envolta em polémica, a central funciona perto da fronteira com Portugal e nos últimos anos foi alvo de um movimento ibérico com vista ao seu encerramento.
Segundo a Lusa, o comunicado do CSN faz saber que aprovou o pedido de renovação da autorização de exploração da central nuclear de Almaraz, em Cáceres, cuja vigência terminava em junho deste ano, com a imposição de 13 condições e limites.
Há vários anos que o movimento anti nuclear, em Espanha e em Portugal, exige o encerramento desta central que funciona junto ao rio Tejo, numa zona de risco sísmico e a apenas 110 quilómetros em linha reta da fronteira portuguesa.
“O plenário do CSN acordou informar favoravelmente a solicitação da renovação da autorização de exploração da central nuclear de Almaraz (Cáceres), cuja vigência terminava em junho. Concretamente, permite o funcionamento da unidade I até 01 de novembro de 2027 e a unidade II até 31 de outubro de 2028, que iniciaram o seu funcionamento em 1981 e 1983, respetivamente”, lê-se no comunicado.
O parecer positivo foi justificado com base no cumprimento, por parte dos proprietários da central nuclear de Almaraz, das condições de autorização vigentes que foram concedidas em 2010 e as suas instruções técnicas associadas, como a revisão periódica de segurança (RPS) e a normativa de aplicação associada.
“Dado volume da documentação técnica associada, o plenário do CSN desenhou um plano de trabalho para garantir o tempo necessário para a adequada análise, que se desenvolveu durante todo o mês de abril até agora”, lê-se na nota.
A autorização definitiva, porém, é da responsabilidade do ministério para a Transição Ecológica do estado espanhol, para o qual foi remetida a informação.
O Bloco de Esquerda esteve do lado dos movimentos sociais ibéricos que exigem o encerramento desta central nuclear. Em 2019, Pedro Soares, à época deputado do Bloco e presidente da Comissão Parlamentar de Ambiente, tinha já afirmado que para o partido a renovação da licença de funcionamento da central comportava “um risco enorme para o rio Tejo e para toda a região” ao redor da central.
A central nuclear de Almaraz é propriedade da Iberdrola (53%), a Endesa (36%) e a Naturgy (11%).