A precariedade no Trabalho exposta em 2020 [Dossier]

Em março a pandemia de Covid-19 chegou a Portugal, tornando mais visíveis do que nunca as fragilidades instauradas no mundo do trabalho. Surgiram denúncias e testemunhos de precariedade, abusos laborais e insegurança sanitária por todo o país. 2020 ficou desde março marcado pela pandemia, mas também pela urgente e necessária defesa dos direitos de quem trabalha, a que o Interior do Avesso ajudou a dar voz.

 

Alguns exemplos da realidade precária do mundo do Trabalho

Uma das denúncias que divulgámos partiu dos trabalhadores da ManpowerGroup, do Centro de Contacto da EDP em Seia, que exigiam em março medidas de prevenção que realmente evitassem a propagação do vírus. Mas as reivindicações dos trabalhadores do call center de Seia não ficaram por aqui, em novembro discutiram o caderno reivindicativo para 2021, exigindo melhores condições laborais. Sem ter obtido qualquer resposta às reivindicações, foi anunciada greve para alguns dias de dezembro e janeiro, na luta pela melhoria das condições de vida e de trabalho. Este é o exemplo de uma das lutas que fomos acompanhando ao longo de 2020.

Não podemos falar da crise do mundo do trabalho, exposta pela pandemia, sem referir um dos grupos mais visados nas denúncias que nos chegaram: o Grupo Visabeira, no Distrito de Viseu. Logo em março, as denúncias começaram a chegar sobre a inflexibilidade na negação do encerramento de lojas no Centro Comercial Palácio do Gelo. As denúncias seguintes reportavam a negação do teletrabalho e a imposição do uso dos dias de férias para quem estivesse em casa para assistência à família. Já em Abril, outras denúncias relatam a imposição de férias forçadas na Cerutil, sediada no Sátão. Em Novembro, já na segunda vaga, as denúncias continuaram, com a alegada recusa de teletrabalho.

Um outro exemplo que teve seguimento ao longo do ano foi o clima de incerteza quanto ao futuro dos postos de trabalho vivido na Lanifato desde março, quando foram divulgadas irregularidades em três confecções da Beira Baixa, Lanifato (Belmonte), Dalina (Castelo Branco) e Unideco (Penamacor). Em setembro a fábrica de Belmonte voltou a ser notícia  por estar a forçar as funcionárias a pedir suspensão dos contratos após falhar pagamento de salários.

 

Infelizmente, estes são – apenas – exemplos de um grande número de denúncias tornadas públicas, num universo real muito maior das diferentes precariedades existentes.

 

O Interior do Avesso, bem como a plataforma despedimentos.pt, criada em Março perante o crescente número de abusos laborais relatados, continuam a estar disponíveis para tornar públicas denúncias sobre atentados aos diretos de quem trabalha.

 

Dossiers 2020 do Avesso

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