Barcos do Douro: Mário Ferreira quer condenar pela terceira vez um ex-trabalhador

Mário Ferreira, administrador da Mystic Invest, nos estaleiros da WestSea em Viana do Castelo, 28 de março de 2019. World Explorer trata-se do primeiro navio aceânico integralmente concebido e fabricado em Portugal vai ser batizado a 06 de abril, reprensentando um investimento de 70 milhões de euros da Mystic Invest. (ACOMPANHA TEXTO DE 29/03/2019) ARMÉNIO BELO/LUSA
Foto retirada de Esquerda.net
Um ex-trabalhador dos barcos turísticos do Douro denunciou a “exploração” dos trabalhadores do setor. Foi condenado por “difamação”, mas o empresário, que é um dos 20 mais ricos de Portugal segundo a Forbes, moveu-lhe outro processo e pode ser condenado de novo, segundo o “Público”.

Gonçalo Gomes, ex-trabalhador de barcos de turismo do Douro, já foi condenado duas vezes, por “difamação”, depois de denúncia de más condições no setor, feita nas redes sociais. Segundo o “Público”, houve uma tentativa de acordo entre o ex-trabalhador e o empresário, que falhou. Está marcada nova audiência para 15 de outubro.

Gonçalo Gomes foi condenado num processo que lhe foi movido pela empresa Tomaz do Douro – Empreendimentos Turísticos, Lda., onde trabalhou. Em julho passado, o ex-trabalhador voltou a ser condenado numa ação interposta pela empresa de Mário Ferreira. Agora é acusado pelo empresário, de forma particular, que pede uma indemnização de cinco mil euros.

Segundo o jornal, o atual processo é apenas mais um de uma “mão cheia de processos” interpostos contra Gonçalo Gomes.

O empresário Mário Ferreira, conhecido como o ‘Tubarão do Douro’ segundo a Forbes, detém 60% da holding Mystic Invest, avaliada em 625 milhões de euros, que controla a Douro Azul, empresa líder de cruzeiros naquele rio. Segundo notícia divulgada este mês, Mário Ferreira irá, em conjunto com o grupo Cofina e o banco Abanca, adquirir a TVI, investindo 20 milhões de euros.

Origem dos processos

A origem dos processos data de 2016 e 2017, quando Gonçalo Gomes denunciou, como representante da Plataforma Laboral e Popular (PLP), a exploração nos barcos turísticos do Douro. A PLP acusava operadores do setor de pagarem salários baixos, de os contratos serem maioritariamente temporários, dos horários de trabalho ultrapassarem as 60 horas numa semana, entre outras acusações. A referida plataforma viria a convocar dois protestos em setembro de 2017. O ex-trabalhador teve de responder em tribunal por os protestos não terem tido aviso prévio, em processo movido pelo Estado.

O “Público” noticiou as denúncias, dias antes do protesto. Na sequência da notícia, Mário Ferreira e a sua empresa Douro Azul moveram um processo contra o jornal, por supostos “danos não patrimoniais causados pela notícia”, pedindo uma indemnização de 15 mil euros. Este processo está a aguardar a marcação de audiência prévia.

No processo que vai ter audiência a 15 de outubro, estão em causa quatro publicações de Gonçalo Gomes na sua página do facebook, em que aludindo à participação de Mário Ferreira no programa de televisão Shark Tank escreveu que o “tubarão” cuja atividade empresarial “tresanda a exploração e corrupção (…) não gosta de verdades”.

O ex-trabalhador da empresa Tomaz do Douro, em 2016, já foi condenado por duas vezes por difamação, um movido por essa empresa e outro da empresa Douro Azul, e poderá ser condenado pela terceira vez , agora numa acusação do empresário.

Gonçalo Gomes atualmente está desempregado, tem um subsídio de desemprego de 435 euros mensais, paga 250 euros de renda de um quarto e pode ser condenado a pagar ao empresário, 5 mil euros.

Mário Ferreira entrou este ano para o Top 20 dos mais ricos da Forbes, que referiu, segundo o Negócios: “A mesma onda de sucesso atingiu Mário Ferreira. Conhecido como o ‘Tubarão do Douro’, vendeu recentemente 40% da Mystic Invest Holding e, com isso, entrou de rompante para o Top 20, com uma fortuna de 354 milhões de euros”.

Artigo publicado em Esquerda.net

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