Ricardo Vicente questiona a Ministra da Agricultura sobre os abusos da grande distribuição no pagamento aos agricultores, apresentando dados que indicam uma margem de lucro perto dos 2.000%.
Para o deputado do Bloco de Esquerda os “produtores foram miseravelmente pagos e os consumidores pagaram caro” e diz que há “abuso de poder, chantagem e falta de regulamentação sobre a formulação de preços”.
Em tempos de pandemia, “a agricultura não para, mas precisa de mais do que elogios, é preciso garantir justiça na formulação de preços, para que os agricultores possam viver do seu trabalho, em especial os mais pequenos e mais frágeis”, disse Ricardo Vicente.
Os dados partilhados são todos da mesma semana e de hortícolas, “vários tipos de couve, courgetes, abóboras e alfaces na Região Oeste, só produtos comercializados em bruto e consumidos em fresco, que não sofreram qualquer transformação ou embalamento após a colheita”.
€/kg | % | ||
CONSUMIDOR | PRODUTOR | Margem | |
Courgete | 0,99 | 0,36 | 175% |
Lombardo | 0,79 | 0,19 | 316% |
Repolho | 0,99 | 0,19 | 421% |
Abóbora menina | 1,39 | 0,14 | 893% |
Couve Bróculo | 1,19 | 0,09 | 1222% |
Couve Flor | 1,99 | 0,14 | 1321% |
Alface | 3,45 | 0,18 | 1817% |
Segundo o deputado, as respostas da ministra prenderam-se com a retoma da PARCA, que Ricardo Vicente diz ser a “plataforma inventada por Assunção Cristas e que não teve qualquer resultado”, bem como que o governo se compromete a transpor a diretiva comunitária, a 633 de 2019, até ao prazo legal, 1 de maio. Sobre medidas concretas, diz não haver resposta.
“A verdade é que o Governo está há dois anos a atrasar esta transposição, o Bloco propôs que a mesma fosse concretizada com urgência há um ano e essa proposta foi chumbada”, disse o deputado ao Interior do Avesso.
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