O Bloco de Esquerda lamenta os sucessivos atrasos no arranque das Obras do Hospital de São Teotónio em Viseu e o anúncio feito ontem relativamente à desistência da empresa contratada.
A empresa espanhola Grupo SANJOSE desistiu ontem da obra que lhe tinha sido adjudicada há dois anos por concurso público. A espera entre a adjudicação e a autorização do Governo para avançar com os trabalhos levam a empresa a alegar que os custos se alteraram desde o concurso público.
Segundo declarações da ministra da Saúde, Marta Temido, “o Hospital está a contactar os outros concorrentes, para realizar a obra. Naturalmente, vamos adaptar e o objetivo central é garantir que um outro concorrente realize a obra e que este se inicie no mais curto prazo possível”.
O Bloco de Esquerda tem vindo a acompanhar com preocupação a situação do Hospital de São Teotónio, tendo o deputado Moisés Ferreira confrontado, por diversas vezes, a tutela com esta questão do atraso nas obras de ampliação do Serviço de Urgência, e teme que as restantes empresas que foram a concurso há dois anos não aceitem a obra pelas mesmas razões que levaram a SANJOSE a desistir agora.
Em comunicado a Comissão Coordenadora Distrital de Viseu do Bloco de Esquerda lamenta que o Ministério da Saúde continue refém do Ministério das Finanças e da política de cativações do governo do Partido Socialista. Considera grave e irresponsável a obsessão do ministro Mário Centeno com as metas orçamentais e a gestão da sua imagem no Eurogrupo, que empurram o país para uma situação de paralisação dos serviços públicos, com a agravante de neste caso estarmos a falar de uma situação que afecta a vida de pessoas que já se encontrarão, eventualmente, numa situação de doença e fragilidade. O comunicado refere ainda que ausência crónica de recursos técnicos e humanos, seja no governo, na administração pública ou nos tribunais, tem efectivamente posto em causa a operacionalização de procedimentos administrativos e financeiros.
O BE de Viseu reconhece o trabalho exemplar que os profissionais do Hospital de São Teotónio têm vindo a desenvolver, nas condições exigentes que se conhecem, e que todos os dias “fazem das tripas coração” para assegurar a dignidade possível e exigível à prestação cuidados de saúde. Defende ainda que por muitas falhas que se possam apontar ao Ministério da Saúde e à organização da rede de cuidados de saúde, é facto que o Serviço Nacional de Saúde continua a cumprir o seu papel de garantir o acesso universal a cuidados de saúde de excelência a milhares de pessoas, destacando o facto de que só o Hospital de São Teotónio serve mais de meio milhão de utentes em todo o distrito. O comunicado termina reforçando que em vez de se atacar o SNS é tempo de o reforçar e o dotar de meios que permitam fazer mais e melhor; chegar mais longe e mais depressa.
(Escrito por MFS)