Em comunicado, o Sindicato Nacional da Proteção Civil saúda “os trabalhadores/as, que no dia 22 e 23 de julho colocaram de lado o medo e aderiram à greve nacional e à concentração que decorreu em Lisboa, colocando fim a 22 anos de esquecimento e abandono”, aproveitando ainda para saudar os que não estando na greve mas que deram apoio, incentivando a sua presença numa próxima ocasião.
No comunicado a que o Interior do Avesso teve acesso o SNPC salienta que foi feita história por parte dos Sapadores Florestais por ter sido criada união onde não havia, considerando que se gerou “uma onda de solidariedade incrível, com milhares de mensagens de apoio e força à nossa luta. Muitos daqueles que pegaram no seu telefone e ligaram para o SNPC confessavam que não sabiam o que eram os Sapadores Florestais e que a luta dos trabalhadores era mais que justa.”
Cumprimentam também os agentes da PSP de Lisboa que os acompanharam na concentração e no percurso até à residência oficial do Primeiro-Ministro, referindo que a jornada foi difícil, “desde a sua afirmação da greve nacional, passando pela sua organização até aquilo que aconteceu em Lisboa e no resto do país.”
Segundo o Sindicato a adesão foi de 85% no dia 22 de julho e de 90% no dia 23.
Registam ainda a forte adesão nas Brigadas de Sapadores Florestais das Comunidades Intermunicipais do Ave; Tâmega e Sousa; Beiras e Serra da Estrela; Beira Baixa; Médio Tejo; Região de Coimbra; Alto Tâmega; Alto Alentejo. Houve ainda a registar uma adesão significativa no Corpo Nacional de Agentes Florestais (CNAF), uma vez que o SNPC decretou greve neste setor afeto ao Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).
Pretendem mostrar ao Governo “que neste setor a união está presente em torno das suas justas reivindicações e que continuaremos a lutar pela concretização da Carreira e Estatuto Profissional, Salários justos e dignos, pela reforma do programa de sapador florestal e pela harmonia entre as entidades patronais e os trabalhadores assente no respeito pelos seus direitos.”
Consideram ainda que a jornada de luta foi a prova de que “é possível profissionalizar os sapadores florestais tornando-os numa força indispensável ao trabalho executado na nossa floresta. Portugal precisa e precisar sempre destes homens e mulheres que com a sua determinação, empenho e força continuam a executar ações de prevenção estrutural contra incêndios, criando faixas de gestão de combustíveis que diminuem a carga de combustíveis presente nos solos reduzindo a intensidade da passagem do fogo”, visto que em pleno “período critico assumem posições em locais estratégicos de vigilância e executam a primeira intervenção a incêndios rurais, realizando apoio ao combate, ações de rescaldo e consolidação a incêndios rurais.”
Para o sindicato, a vida dos sapadores é colocada em risco pelo bem comum em dias com temperaturas elevadas e que por isso é essencial rever “toda a estratégia do Estado de Alertas Especiais aplicada aos Sapadores Florestais, criando períodos específicos de silvicultura preventiva e de vigilância e primeira intervenção. Já chega de brincar com a vida e saúde destes trabalhadores/as é preciso e é urgente uma nova estratégia assente na valorização do trabalho e não no sacrifício e na condenação destes operacionais.”
Já alertaram a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) e esperam pela marcação de uma reunião para resolver estes problemas.
“Partimos para esta luta com uma proposta de diálogo, cujo grupo de trabalho com o Governo foi sugerido por este sindicato na reunião marcada pelo Ministério do Ambiente onde nos foi pedido gentilmente para cancelar a nossa luta nacional. Não nos deixamos enganar com promessas de campanha eleitoral e partimos para a luta com um resultado histórico e impressionante, que trará a força necessária para que o diálogo se mantenha aberto, para que juntamente com as entidades patronais se possam encontrar uma solução que satisfaça as exigências dos trabalhadores/as e que garanta a criação de mais postos de trabalho assentes no princípio do respeito pelos seus direitos”, afirma o SNPC no comunicado.
Consideram que foi encerrado um capítulo que “põem fim a tantos anos de abandono de sucessivos governos e abrimos a porta ao conhecimento e ao trabalho que estes operacionais desenvolvem durante todo o ano, trabalhando em muitos casos sem condições, com contratos precários, tendo salários em atraso, falhas na regularização dos pagamentos para a segurança social e sujeitos a todas as violações laborais e ao assédio moral” e que continuam a trabalhar para que os direitos dos trabalhadores/as prevaleçam, apostando na concretização de várias campanhas nacionais contra o Assédio Moral e Sexual e pela Igualdade entre homens e mulheres em questões laborais e ainda a campanha Sapador Florestal – ´A luta de 22 anos`”.
Pretendem fazer contatos com as entidades patronais do setor privado de forma a ouvir dúvidas e construir bases sólidas para que o aumento salarial e o Estatuto Profissional seja uma realidade.
Por fim, afirmam que “os Sapadores Florestais de Portugal, podem sempre contar com a força e a determinação do SNPC em lutar para construir o presente e o futuro sempre em prol dos trabalhadores”.