Os ambientalistas argumentam a falta de envolvimento da população e “evidentes impactos ambientais” como a degradação da paisagem, a poluição e o fim do mexilhão-de-rio. Por Esquerda.net
Num comunicado publicado na sua página de internet, a associação ambientalista Zero informa que no âmbito da consulta pública do Estudo de Impacte Ambiental da Mina do Barroso atribuiu um parecer negativo a este projeto.
Para os ambientalistas, há “evidentes impactos ambientais” e, portanto, este “jamais” pode ser considerado um projeto “daquilo que o governo anunciou com de mineração verde”.
Apesar de reconhecer que o lítio é “um importante aliado na transição energética”, a organização defende que isso “não pode justificar uma extração de recursos minerais a qualquer custo, sem que sejam devidamente acautelados os impactos sociais, económicos e ambientais”. Os ambientalistas esclarecem: “não podemos ser mais discordantes da ideia de que todos os impactes parecem ser ultrapassáveis”.
Com a exploração mineira a ser visível até 30 quilómetros de distância, considera-se ainda que há “intrusão na paisagem e consequências negativas que a degradação provocará em termos de atratividade turística da região”. A mina “terá um forte impacte nas características locais, assim como na imagem de uma região e, muito provavelmente, na própria classificação” de Património Agrícola Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura.
Outro aspeto salientado a influência na biodiversidade “em particular as espécies da fauna com estatuto de conservação como a toupeira-de-água, o mexilhão-de-rio e o lobo ibérico”. E “no caso do mexilhão-de-rio corre-se mesmo o risco de extinguir a população do rio Beça que já havia sido salva em 2010 com a decisão de não se construir a barragem de Padroselos”.
Para além disto, apresentam-se dúvidas sobre o envolvimento das populações. “A ideia de uma compensação delineada através de um plano parece-nos ser algo desenhado para conquistar a adesão e que não resulta de um processo participativo bem conduzido desde o início com uma discussão com os principais interessados, os que residem e fazem deste território o que ele é hoje”.
Acenou-se apenas “com um investimento de 500 mil euros anuais em projetos com as comunidades locais”, algo feito “numa lógica de pressão e coação” e acima de tudo “sem ter em conta a participação e o desejo de adesão dos visados”.
Há um problema de convivência entre a população e uma mina em laboração 24 horas por dia que fica a escassas centenas de metros das habitações causando poeiras e ruído . E “não nos podemos esquecer que se trata de uma mina a céu aberto, que em muitas questões é similar a pedreiras a céu aberto que existem em algumas regiões do nosso país, e onde, como se pode constatar a convivência com as populações é tudo menos pacifica”.
Os ambientalistas questionam ainda a ideia de que haverá uma criação de emprego especializado, vincando que é difícil de acreditar que uma mina com um “tempo de vida curto”, cerca de 12 anos, “se traduzirá num repovoar do interior”.
Publicado por Esquerda.net a 18 de julho de 2021