Em declarações à TVI24, Pedro Filipe Soares considera ser incompreensível “que o governo demore tanto tempo a fazer algo que já estava previsto na nova Lei de Bases da Saúde, mas também na anterior”.
Começando por dar uma palavra de apreço e reconhecimento ao trabalho dos profissionais da saúde, que “conseguiram fazer em Portugal o que não foi possível em muitos outros países”, o líder parlamentar do Bloco de Esquerda, Pedro Filipe Soares, defendeu a necessidade de “olhar para os recursos existentes no país” e, “em nome do interesse público”, garantir que todos contribuem para responder à crise.
“As pessoas não podem ficar reféns das más práticas do setor privado”, afirma Pedro Filipe Soares, relembrando que o setor privado rejeita pessoas sem seguro de saúde, “só fazem metade dos tratamentos, e tentam prolongar gastos supérfluos para lucro e não para tratamento. Todas estas más práticas existem e o Estado não pode ficar refém delas”.
Face à crise pandémica, o líder parlamentar considera que “não é compreensível que o governo demore tanto tempo a fazer algo que já estava previsto na Nova Lei de Bases da Saúde, aprovada à esquerda em 2019, mas também na anterior”.
Considerou por isso ser “necessário olhar para o sistema de saúde que existe no país, não apenas público mas também privado, e estruturar a resposta desse sistema de saúde para responder a esta vaga de covid e garantir que ninguém fica sem tratamento e que não há um esgotamento da resposta onde ela deve existir”.
A requisição civil, que acontece com o pagamento justo pelos serviços requisitados, é necessária devido “a uma recusa demasiado pontual dos privados a responder a situações de covid. Esta realidade, visível na última semana nas divergências entre setor privado e o setor público, esquece-se do interesse nacional”.
“Quando discutimos as respostas do setor público à covid, e a necessidade de acautelar dentro do setor público outras respostas, estamos a falar de respostas que só os grandes hospitais têm. E se não for acautelada esta resposta, se não conseguirmos manter essa resposta pública, haverá pessoas que ficam sem apoio”, diz ainda.
“Numa situação excecional como esta, o governo, o Estado, deve em nome do interesse público, deve garantir que não há nenhum sistema de saúde que não responda às necessidades do país”, continua por dizer.
Percebe-se que, da parte dos privados, existe uma tentativa de “separar pacientes covid para o setor público, e pacientes não-covid para o setor privado”. Algo que considera ser “inaceitável para qualquer pessoa que olhe para as necessidades do país como um todo.