200 anos da Revolução Liberal: Desde o Interior, o José da Silva Carvalho

Foto de Município de Santa Comba Dão | Facebook
No dia 24 de agosto de 1820, uma revolução acabou com a Inquisição e privilégios e estabeleceu a igualdade perante a lei e a liberdade de imprensa. Esta revolução criou a primeira Constituição de Portugal e trouxe a separação de poderes: O executivo, o legislador e o judicial. José da Silva Carvalho, nascido na Vila Dianteira, na freguesia de  São João de Areias, foi um dos artífices da Revolução Liberal.

Há exatamente 200 anos, um viladeanteirense de nascença, da freguesia de São João de Areias, do concelho de Santa Comba Dão, chamado José da Silva Carvalho, estava no Porto, em pleno coração da Revolução Liberal. José da Silva Carvalho descreveu assim o momento: “Rompeu o dia 24 e ao som dos clarins e da artilharia se fizeram em pedaços os grilhões que nos algemavam, e com tanto sossego se proclamou a nossa independência que ninguém sofreu mais pequeno incómodo: imenso povo assistiu à reunião das tropas em Santo Ovídio, ouviu as proclamações, misturou-se no meios dos vivas e da alegria da tropa, de tal maneira que quando chegaram à Praça Nova, o contentamento era universal”. 

Segundo Joel Cleto, historiador, depois no Natal de 1817, dois juízes do Porto chamados José da Silva Carvalho e Manuel Fernandes Tomás, debatiam a situação do país e davam o pontapé de saída ao Sinédrio, já que também se juntariam, em 1818, o advogado Ferreira Borges e um comerciante portuense, o João Viana. Foi o Sinédrio que preparou a Revolução Liberal de 1820 com o lema “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”.

Durante a monarquia, José da Silva Carvalho, foi ministro de D. João VI, D. Pedro IV, D. Maria II e já depois da Revolução Liberal foi o primeiro Presidente do Supremo Tribunal de Justiça. Ainda foi Ministro da Justiça, de 7 de Setembro de 1821 a 28 de Maio de 1822.

José da Silva Carvalho faleceu a 5 de Setembro de 1856 e foi sepultado no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa. Recusou por várias vezes títulos de nobreza, já que o afastavam da sua origem modesta.

O historiador Luís Augusto Rebelo da Silva diz que “no seu túmulo pobre, mas ornado dos brasões populares de uma larga série de serviços e de sacrifícios, fala mais alto o nome só, como elogio e epitáfio, do que uma longa série de avós esquecidos ou pior ainda do que a fatuidade de uma coroa de conde ou de marquês. Silva Carvalho previu que o nome lhe havia de chegar puro à posteridade como o recebera de seus pais e guardou-o com o nobre orgulho de uma grande alma”.

O seu neto materno António da Silva Carvalho Viana, no seu livro “José Silva Carvalho e o seu Tempo” refere que: “Silva Carvalho representou o tipo mais elevado de revolucionário político – espírito transigente, coração magnânimo, pulso de ferro”. 

A Vila Dianteira, um aldeia da freguesia de São João de Areias, para além de ser o local de nascimento de José da Silva Carvalho, foi importante porque serviu de esconderijo naquele que foi o segundo exílio no estrangeiro, ocasionado pela perseguição feroz que D. Miguel moveu aos liberais.

O político liberal de São João de Areias ainda tem uma banda desenhada chamada “José da Silva Carvalho: um líder do liberalismo”. 

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