Os artesãos que produzem habitualmente as capas mirandesas, muito características daquela região inovaram agora também para a produção de malas, peças de vestuário ou artigos para decoração com recursos à mesma matéria prima.
Estas capas que tão bem distinguem a cultura mirandesa como tradição secular têm cada vez menos pessoas a produzi-las, sendo neste momento apenas cinco os artesões que o fazem.
Em declarações ao Jornal de Notícias, o mais velho dos artesãos com 83, Aureliano Ribeiro, já costura há mais de 70 anos “comecei mal saí da escola. Aprendi com o meu pai que aprendeu com o dele”, relembrando também que as capas foram mudando ao longo dos tempos e que a sua procura também se foi alterando “fazíamos muitas para pastores. Usavam-nas para se protegerem da chuva e da neve. A de Honra é muito mais trabalhada e bonita. Tanto serve para cerimónias como para batizados ou casamentos”.
Aureliano Ribeiro foi funcionário público, o que não o impediu de continuar com a tradição e com a produção deste artesanato. O artesão refere que ainda é muito solicitado para a produção das capas, indicando também que é muito perfecionista na sua elaboração.
Já a sua filha, Maria Suzana de Castro, também em declarações ao Jornal de Notícias revela que “o que mais se vende é a grande variedade de inovações que produzimos. O trabalho tem sido tanto, que nem paramos para pensar nas razões porque isto correu bem”.
Estas fardas típicas pesam cerca de 8 quilos e um artesão demora cerca de 1 mês a produzi-las e são cada vez mais usadas pelos mirandeses no Dia de Exaltação das Capas de Honra, cancelado no presente ano devido à pandemia da covid-19.