No sábado, 31 de agosto, representantes do Bloco de Esquerda, nomeadamente a cabeça de lista às eleições legislativas pelo distrito de Viseu, Bárbara Xavier, estiveram presentes em solidariedade com os trabalhadores em mais um dia de greve na fábrica do grupo PSA em Mangualde.
As condições nesta unidade fabril agravaram-se com a crise de 2008 que levou os trabalhadores a acordarem os termos de uma bolsa de horas para acomodar quebras de produção. O facto é que estas nunca se vieram a verificar, e apesar da conjuntura económica e financeira se ter alterado completamente nos últimos dez anos, a empresa continua a usar esta bolsa de forma a prolongar a semana de trabalho de quarenta horas para os fins-de-semana. Esta é uma das questões denunciadas pelos trabalhadores, mas não a única.
O executivo da empresa tem usado a bolsa de horas para contornar o pagamento a cem por cento das horas de trabalho aos fins-de-semana. No caso dos sábados e domingos apenas duas horas de uma jornada de oito é que são remuneradas a cem por cento, sendo o restante deduzido da bolsa de horas. Soma-se ainda a denúncia feita pelos trabalhadores em greve das penalizações salariais que têm recaído sobre as horas de greve, quando estas horas são precisamente horas que constam da bolsa, constituindo esta prática uma forma de pressão salarial.
Em comunicado o Bloco defende que “sendo a greve um direito constitucionalmente consagrado é socialmente inaceitável que a entidade patronal esvazie o direito à greve seduzindo trabalhadores e trabalhadoras de outros turnos – particularmente do turno da
noite (constituído de forma esmagadora por trabalhadores temporários/precários) – para ocuparem os postos de trabalho dos/as grevistas. Acresce ainda o risco efetivo de perda de qualidade dos automóveis produzidos, pela alocação de trabalhadores/as a postos para os quais não têm a formação e/ou a experiência necessária.”
A presença do Bloco de Esquerda no sábado, em solidariedade com os trabalhadores, foi também uma forma de apelar à administração da PSA – Mangualde a receber a comissão de trabalhadores de modo a iniciar o processo de negociação, dignificando por esta via a própria empresa tão central ao desenvolvimento local e nacional. Apesar dos apelos da comissão de trabalhadores para serem ouvidos a administração tem-se recusado a sentar à mesa de negociações com os representantes dos trabalhadores.
Posteriormente, no dia 4 de setembro, o Bloco de Esquerda reuniu com a Comissão de Trabalhadores para obter informações relativas tanto à situação social dentro da fábrica, como dos pontos reivindicativos dos trabalhadores e trabalhadoras.
(Escrito por MFS)