Bloco de Esquerda defende renaturalização e valorização do espaço da antiga Milnorte para uso popular

O deputado Ricardo Vicente e os candidatos aos órgãos autárquicos do Peso da Régua, Enara Teixeira (Câmara) e Vasco Valente Lopes (Assembleia Municipal), defendem que o espaço da antiga fábrica deve ser considerado de interesse público e pensado para usufruto das populações locais.

A Milnorte tratava-se de uma empresa de exploração de silício, que operou entre os anos 70 e 80, localizada na margem da albufeira da barragem de Bagaúste. O seu desmantelamento foi levado a cabo no início dos anos 2000. Neste momento o espaço encontra-se devoluto, com um depósito de lixo ilegal, e sem uma utilização futura clara.

O Deputado do Bloco de Esquerda na Assembleia da República, Ricardo Vicente, esteve no local, acompanhado pelos candidatos do Bloco aos órgãos autárquicos locais, Enara Teixeira (Câmara Municipal) e Vasco Valente Lopes (Assembleia Municipal).

“Há um trabalho de engenharia natural que é urgente acontecer”

“Os restos da Milnorte nas margens do rio são uma mancha para o alto douro vinhateiro” e para este património reconhecido pela UNESCO”, considerou Ricardo Vicente, reforçando que a incompatibilidade dos vestígios da fábrica com o elevado valor patrimonial, social e ecológico da região é há muito conhecida.

Cerca de 40 anos depois do encerramento da fábrica, nunca foi efetuado nenhum processo de renaturalização. “Há um trabalho de engenharia natural que é urgente acontecer na margem desta albufeira e que deveria resultar de um investimento público de renaturalização que devolvesse toda esta área a esse interesse público”, defendeu o deputado.

A proposta do Bloco é entregar o espaço ao “interesse público, ao usufruto das populações locais em função daquilo que são as suas necessidades e daquilo que as populações locais ambicionassem para este lugar”.

Investimento público no espaço da Milnorte poderia mudar o Turismo na Régua

Enara Teixeira destacou que o investimento público no espaço é uma das principais bandeiras da candidatura, “essencial para a qualidade de vida dos reguenses e de toda a região”. Adiantou que neste momento existem todas as condições para que seja considerado de interesse público, como a Linha do Douro, o acesso à água e um PDM, revisto há poucos anos, favorável.

A candidata à Câmara Municipal da Régua defende para o local um empreendimento escolhido pela população. Lembrando o slogan da candidatura, Mudar o Presente para Moldar o Futuro, “o Bloco surge na Régua como uma possibilidade, uma alternativa credível de uma política voltada para a opinião popular, voltada para a sua população”

Vasco Valente Lopes explicou de que forma o espaço poderia contribuir para uma mudança de paradigma no turismo da Régua e do Douro: “as pessoas deviam poder escolher entre daqui resultar um espaço para usufruto de meia dúzia de turistas milionários, ou um espaço para usufruto da população, da região, e de um turismo muito mais sustentável, através da criação de praias fluviais, um parque de campismo, um parque para autocaravanas […]. Portanto, um tipo de turismo que depois vai trazer retorno ao comércio local”.

Este é outro dos “aspetos de fundo” da candidatura, assumiu o cabeça de lista à Assembleia Municipal, “alterar o rosto do turismo” da Régua, que neste momento se trata de “um turismo de elite” baseado nos barcos-hotel, para um turismo “mais sustentável, que utilize menos o rio e mais o comboio e que faça chegar à população local mais dinheiro”.

Bloco vai questionar o Governo

O deputado Ricardo Vicente anunciou que o Bloco de Esquerda irá questionar o Governo sobre “se tem disponibilidade para tomar as rédeas deste processo” de entrega do espaço ao interesse público e à população, uma “transformação que tem também que envolver os atores locais”, como a Câmara Municipal.

Disse ainda que o partido continuará a acompanhar a situação da antiga Milnorte e a estar atento “aos interesses privados que rondam aqui à volta”, uma vez que existe um projeto para um “grande empreendimento turístico privado que se apropria de uma estação de comboio, de uma linha de comboio e do espaço hídrico que é do regime público da margem desta albufeira”.

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