Nos concelhos de Idanha-a-Nova e Fundão já são centenas de hectares de monocultura super-intensiva que cobrem a paisagem da região, em pleno Geopark Naturtejo.
Os anúncios de investimentos em hectares e hectares de amendoal super-intensivo não param de crescer na região da Beira Baixa, sobretudo nos concelhos de Idanha-a-Nova e Fundão.
Agora foi a Câmara Municipal de Idanha-a-Nova a anunciar mais um investimento, de acordo com o Diário Digital de Castelo Branco, de mais 10 milhões de euros nos próximos anos em amendoal intensivo. A empresa é a espanhola AWA, que já detém 300 hectares de amendoal no concelho.
A empresa luso-brasileira Veracruz conta com perto de mil hectares plantados e 1,5 milhões de amendoeiras em Idanha-a-Nova, Fundão e Castelo Branco, segundo o Jornal de Negócios.
O responsável pela empresa luso-brasileira referiu à TVI24 que o esperado é chegar aos 7 mil hectares de amendoal super-intensivo, 2 mil na primeira fase e 5 mil na segunda.
A Veracruz tem um sistema que permite poupar até 30% o consumo de água para rega, mas numa região que habitualmente é fustigada pela seca, esta medida não faz descansar a quem se preocupa com a sustentabilidade ambiental e com a forma como consumimos os nossos recursos.
Alguns comentários observados nas redes sociais transmitem a preocupação da população: “Se pudéssemos abstrair-nos dos danos para além da extraordinária beleza, só poderíamos render-nos ao deslumbramento. Mas o preço ambiental é demasiado grave” ou “o impacto na biodiversidade juntamente com o uso de agro-químicos”
Em março de 2020, segundo notícia do jornal Público, a Quercus tinha alertado para as consequências dos projetos de amendoais super-intensivos, já que ameaçam a saúde pública numa região que é considerada Geopark pela UNESCO.
A Quercus referiu que “os pesticidas e fertilizantes utilizados poderão ser lixiviados e arrastados para estes rios e para os aquíferos subterrâneos”.
Por fim, lembrou que a região de Idanha-a-Nova “tem atraído, nos últimos anos, empresas e cidadãos nacionais e estrangeiros que procuram um modelo de desenvolvimento sustentável baseado nos recursos endógenos desta região raiana que tem um património natural e cultural singular, apostando na agricultura e pecuária biológica, na permacultura, no turismo, na organização de eventos e outras atividades sustentáveis”. Assim, as monoculturas super-intensivas podem pôr em causa este modelo de desenvolvimento mais sustentável”.