Censos 2021: freguesia da Serra da Estrela é uma das exceções ao cenário de despovoamento do interior

Figueiró da Serra
Figueiró da Serra
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Os resultados preliminares dos Censos 2021 confirmam a tendência de despovoamento no interior do país. Porém existem exceções à regra, a União de Freguesias de Figueiró da Serra e Freixo da Serra no concelho de Gouveia, distrito da Guarda é uma delas.

Um comunicado de Corinna Lawrenz, habitante da freguesia, destaca que ao longo dos últimos dez anos, Figueiró da Serra e Freixo da Serra, duas aldeias do Parque Natural da Serra da Estrela, não só conseguiram fixar uma parte significativa da população mais jovem, como ainda atrair novos moradores.

Com um crescimento de 4,4% a freguesia localizada na encosta Norte da Estrela foi a única no concelho que registou aumento populacional nos Censos 2021. Apesar de a variação ser baixa, torna-se significativa atendendo a que as aldeias vizinhas perderam em média 12,6% da população no mesmo período, e a que na região das Beiras e Serra da Estrela apenas 10 de 266 freguesias contam com um desenvolvimento populacional estável ou positivo.

O crescimento registado localiza-se sobretudo em Figueiró da Serra, uma aldeia que integra a rede das Aldeias de Montanha, ligada à Grande Rota das Aldeias Históricas e à futura Rota do Estrela Geopark.

“Por um lado, a aldeia conseguiu fixar uma parte significativa da população jovem. Por outro lado, conta com um interesse crescente por novos moradores portugueses e estrangeiros. A vida ativa na aldeia é visível e palpável: Uma mercearia tradicional, o ATL e os dois cafés são só alguns dos sinais”, exemplifica a moradora no comunicado emitido pela Junta de Freguesia.

O “sentimento de comunidade” e a hospitalidade, são apontados como duas das principais razões por optar por viver em Figueiró, segundo testemunhos referidos no comunicado: Tiago Coelho e Maria José Ventura, professores em Oliveira do Hospital; Susana Fontan, que instalou uma oficina de costura na aldeia de Freixo; ou o carpinteiro Tiago Gaspar.

A instalação da rede de fibra óptica em 2019 reforçou a atratividade destes lugares, criando a possibilidade de trabalhar remotamente, “como é o caso do casal alemão Nik Völker e Corinna Lawrenz que ligam o trabalho digital a um projeto de agricultura biológica.”

A localização geográfica central é outro dos motivos referidos. Elizabete Soares Cairrão optou por ficar na freguesia onde nasceu com o marido Paulo, oriundo da Moita, referindo que “ainda ponderámos viver em Viseu mas acabámos por decidir ficar. Vamos frequentemente a Viseu ou à Guarda e quando queremos viajar, é fácil ir para Espanha ou para o Norte do país. Mas foi importante para mim estarmos próximos da família e dos pais para poder ajudá-los no futuro.” 

Mas a exceção à regra também se justifica com as praias fluviais para desfrutar no verão, com a neve no inverno ou com a preservação dos recursos naturais que permitem manter a agricultura familiar.

“Embora os resultados dos censos mostrem claramente que o desequilíbrio entre litoral e interior continua, exemplos como o de Figueiró da Serra e Freixo da Serra – mas também os de outras aldeias em Portugal e em toda a Europa – mostram que não se trata de um caso perdido e que as soluções podem ser várias: Aqui, às boas condições já existentes juntaram-se a resiliência e a grande abertura da comunidade”, remata Corinna Lawrenz.

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