Em 2020 continuou a não existir Planeta B [Dossier]

A pandemia não pode servir de desculpa para esquecer a centralidade que a questão ambiental deve ter. Em 2020 continuaram a existir ataques e ameaças ambientais, mas também não cessaram as lutas das populações pela defesa do ambiente, das suas regiões e de uma melhor qualidade de vida. Como tal, o Interior do Avesso continuou a ser uma plataforma de denúncia e divulgação da luta pela justiça ambiental. Temas comuns que destacamos nesta revisão do ano são as descargas poluentes, as centrais de biomassa e a extração mineira.

Sobre a causa ambiental, o Interior do Avesso promoveu em julho um encontro online denominado “Ambiente do Avesso? O panorama ambiental do interior”. A discussão contou com a representação e participação de vários movimentos, associações e ativistas ambientais, cujas intervenções ainda podem ser consultadas aqui

 

Descargas poluentes: o flagelo das águas no interior

Sem grande novidade, infelizmente, os episódios de poluição nas ribeiras, rios, barragens e praias do Interior, continuaram frequentes ao longo de 2020. Fica um pequeno registo do “mapa” e “calendário” de alguns dos episódios que divulgámos.

 

Central de Biomassa do Fundão: Ruídos, Cinzas e Poeiras

Em julho, o Interior do Avesso partilhou o vídeo do retrato do desespero de quem, no Fundão, vive paredes meias com os ruídos, cinzas e poeiras da Central de Biomassa. Esta não era uma história nova, também em fevereiro estivemos no local a falar com estas pessoas, que vivem todas as consequências de ter uma Central de Biomassa como vizinha.

Desde então nada mudou, apesar das denúncias da população, de associações, de o assunto ter chegado, várias vezes e de diversas formas, à Assembleia Municipal do Fundão e à Assembleia da República. Mais recentemente, em Novembro, a candidata à Presidência da República Marisa Matias esteve no local e as queixas da população continuavam as mesmas.

As centrais de biomassa são um problema para as populações próximas, mas também para a floresta, pois têm-se alimentado de madeira resultante de monocultura. Associações ambientais e o Bloco de Esquerda defendem que são necessárias normas que impeçam a proximidade das povoações, bem como que o que é queimado são, de facto, resíduos florestais.

 

Exploração mineira: a ameaça para as populações do interior

Em agosto partilhámos a preocupação da população de Covas do Barroso, em Boticas, com a mina de lítio prevista para a região. Os emigrantes temiam não poder regressar à sua terra com o avançar do projeto de exploração. Este é um dos exemplos dos receios das populações em torno da ameaça da exploração mineira em Portugal.

Vítor Afonso, membro da direção da Associação Pessoas e Natureza do Barroso, e Catarina Alves Scarrott, da Associação Unidos em Defesa de Covas do Barroso, participaram no painel “Ambiente do Avesso?”, enquadrando o caso e ponto de situação do projeto de exploração da mina de Lítio do Barroso, bem como quais os obstáculos para a região. Também em discussão esteve a Mina do Romano, na região de Montalegre, com a participação de Armando Pinto, da Associação Montalegre com Vida.

No mês de agosto, era noticiada a pretensão para a exploração mineira a céu aberto de estanho e volfrâmio em Calabor, a apenas dois quilómetros da fronteira portuguesa em Bragança, no Parque de Montesinho. Um mês depois, continuou a luta contra a exploração de lítio na Serra de Argemela, manifestantes de todo o país e além fronteiras, juntaram-se na localidade de Barco, na Covilhã. 

Apesar da contestação às explorações mineiras, em novembro, no âmbito do debate da especialidade do Orçamento do Estado para 2021, o Ministro do Ambiente considerou que lei “para impedir a mineração em áreas protegidas” não é uma lei, é um panfleto.

 

Dossiers 2020 do Avesso

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Related Posts
Ler Mais

Protesto contra o elevado preço da água em Mortágua

Amanhã, dia 16 de dezembro, o Bloco de Esquerda promove a queima simbólica de faturas da água, pelas 9H30 na Feira de Vale de Açores, em Mortágua, lembrando que os preços da água neste concelho é dos mais caros do país.
Skip to content