Empresário da Casa de Mouraz considera que monocultura do eucalipto é destrutiva para ecossistemas e paisagem na região do Dão

Mouraz

À margem de uma visita de Catarina Martins, Coordenadora Nacional do Bloco de Esquerda, ao concelho de Tondela, António Lopes Ribeiro, empresário da Casa de Mouraz, partilhou o seu testemunho e opinião sobre a situação que atravessaram depois dos incêndios e como estes prejudicam o ecossistema, a paisagem e a própria vinha. O empresário refere também os problemas nefastos que a monocultura de eucalipto provoca na região.

Em declarações à imprensa, António Ribeiro refere que a Casa de Mouraz é um projeto de agricultura sustentável que trabalha em agricultura biológica desde os anos 90, um dos pioneiros a trabalhar de forma ecológica na região do Dão e mesmo em Portugal. Desde 2006 que trabalham também em biodinâmica, que considera ser um registo ainda mais comprometido com a questão ecológica.

Considera também que estão em contraciclo com o que está a acontecer à sua volta, ou seja, com a intensificação da plantação de eucalipto. Refere ainda que devido aos incêndios de 2007 perderam cerca de 60% da vinha, e para além dos 13 hectares, também “se perdeu um ecossistema, uma paisagem”. O empresário reitera que “quando vendemos este vinho, não vendemos apenas um vinho, vendemos também uma história.”

O empresário refere que recebem centenas de visitantes por ano e que a paisagem é um dos fatores que mais atrai os visitantes, e que “houve uma altura em que tinha um circuito alternativo para visitar as nossas parcelas onde não havia muitos eucaliptos. Hoje é difícil levar alguém a uma parcela de vinho onde não encontre eucalipto”, considerando que esta situação é dramática para estas pessoas que trabalham nesta área porque as pessoas quando vão a estes locais não querem ver a monocultura do eucalipto.

Afirma que as parcelas de vinha que tinham estavam dentro de uma paisagem, “inseridas dentro de uma floresta, o que é excelente porque a vinha vive em harmonia com a envolvência e isso reflete-se depois também no vinho”. Indica que para além de licenças para plantação de eucaliptos antes dos incêndios de 2017, “muito do que está aí hoje de eucaliptal são plantas que já nasceram após o incêndio”.

“É uma comunidade inteira que está dependente de algo que é temporário, porque chegará um momento em que o terreno estará esgotado” o que fará com que seja necessário usar muito mais fertilizantes. Reitera por fim que “nós não podemos viver num sistema dominado por este tipo de planta, que é uma planta sugadora, que destrói a paisagem, que destrói ecossistemas e que mais tarde acaba por nos destruir a nós também, porque ficaremos a viver num deserto”.

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