Estudo defende que não se façam mais barragens no Douro

Barragem da Valeira – Foto de Gerry Labrijn | Flickr
Um estudo, realizado por investigadores e ambientalistas, exige que não se construam mais  barragens na bacia hidrográfica do Douro e que se desmantele o que está a mais nas já existentes. No lado português, no Douro e nos seus afluentes, existem 57 barragens e têm consequências severas para os cursos de água. 

Segundo a Lusa, o consórcio Rede Douro Vivo composto por investigadores de várias universidades, em conjunto com associações ambientalistas, realizaram um estudo onde concretizam que as barragens têm “custos severos” para os cursos de água, desde a redução da areia nas praias à extinção de espécies. 

O rio Douro do lado português é a última zona de biodiversidade da maior bacia hidrográfica da Península Ibérica. O consórcio pede para que não se construam novas barragens e que se desmantele o que está a mais nas estruturas já existentes.

O rio Douro tem uma área total de 97,4 mil quilómetros quadrados, 18,5 mil do lado português e a redução dos caudais por causa da retenção nas barragens impede que sejam transportados sedimentos até ao mar, aumentando assim a erosão da costa e reduzindo a quantidade de nutrientes necessários para algumas espécies sobreviverem. Por exemplo, o esturjão do Douro já foi extinto devido a este problema. A maior parte da água retida é utilizada para a produção elétrica, mas também para a rega e para o abastecimento urbano e industrial.

No lado português, no rio Douro e nos seus afluentes, existem 57 barragens e o estudo também aponta consequências negativas na atividade económica dos 1,9 milhões de habitantes da bacia, nomeadamente na Área Metropolitana do Porto. A montante da Área Metropolitana existe “uma vasta área interior de povoamento escasso e em declínio”, mas que “depende ainda mais das águas do Douro” para a rega, para dar de beber ao gado, abastecimento, pesca, lazer e turismo. Estes são setores “profundamente afetados pela fragmentação dos rios da bacia do Douro”. 

Ainda assim, o estudo refere que “os melhores habitats para a biodiversidade no Douro estão agora concentrados quase exclusivamente em Portugal”, nomeadamente no rio Tua, no Arda, no Côa e no Paiva. 

Os investigadores e ambientalistas exigem a criação urgente “de reservas naturais fluviais com estatuto jurídico de proteção permanente”. Pedem ainda que não exista financiamento para mais construções de barragens e que se apoiem formas alternativas de produção elétrica, como a eólica e a solar. 

Quanto às empresas concessionárias das barragens, o estudo afirma que devem “garantir e divulgar atempadamente os caudais ecológicos diários” e terminam por defender uma gestão ibérica que seja “verdadeiramente partilhada” entre Portugal e Espanha “sem novas barragens e onde todas as barreiras obsoletas sejam sujeitas a um plano de remoção e renaturalização dos rios.”

O consórcio Rede Douro Vivo é composto por associações ambientalistas como a ANP/WWF e a GEOTA e por investigadores das universidades do Porto, Coimbra, Nova de Lisboa, UTAD e Instituto Politécnico de Bragança, entre outras entidades. 

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