Convocada para os dias de 10 a 14 de fevereiro, a greve dos trabalhadores nas três unidades da empresa Varandas de Sousa, S.A (antiga Sousacamp), em Benlhevai (Vila Flor) e Vila Real, terminou esta quarta-feira com um balanço positivo, segundo o sindicato.
Para além de a greve ter superado as expetativas, com uma “adesão quase total”, os trabalhadores pretendem avançar com novas ações para reclamar aumentos salariais. “A adesão à greve superou claramente as expetativas, o que fez com que todos os trabalhadores ficassem com muita mais vontade de continuar aquilo que é a sua justa luta pelas justas reivindicações”, frisou o sindicalista José Eduardo Andrade à agência Lusa.
“Os objetivos foram cumpridos até porque, em Benlhevai a adesão à greve superou largamente a expetativa. Nós ali tínhamos um historial de adesão muito baixinho e, desta vez, tivemos quase metade dos trabalhadores em greve”, afirmou.
Segundo nota do SINTAB, esta greve deveu-se “à total rejeição da Administração em negociar o caderno reivindicativo que os trabalhadores lhe haviam remetido no início de dezembro passado, e onde constavam a exigências de um aumento salarial digno, a valorização da experiência dos Trabalhadores por via da implementação de um justo sistema de diuturnidades, a diminuição do período normal de trabalho semanal para as 35 horas, 25 dias de férias, e a dispensa do trabalhador no dia do aniversário.”
Na mesma nota, o sindicato alerta para o facto de um dos acionistas da empresa ser o dono da SUGAL, que é “um dos maiores financiadores da extrema-direita portuguesa, que tanto se opõe à melhoria da vida dos trabalhadores, dos seus direitos, condições de trabalho e salários.”
Os trabalhadores da Varandas de Sousa, empresa líder do mercado ibérico de produção e comércio de cogumelos frescos, são constituídos maioritariamente por mulheres, mães trabalhadoras e jovens imigrantes precárias e exploradas.
“As formas de luta possíveis são várias, o sindicato tem ainda uma série de questões para chamar a Autoridade para as Condições do Trabalho a intervir, nomeadamente por questões ao nível da segurança, dos horários de trabalho ou dos vínculos dos contratos. Vamos atacar em toda a linha”, salientou.
O sindicalista comentou ainda que alguns trabalhadores foram chamados à parte pelas “chefias que lhes quiseram dar alguns conselhos sobre a greve”, o que o SINTAB considerou ser “uma forma de coação” e “um atropelo à lei”.
Na resposta à Lusa, a empresa garantiu que “o direito à greve é obviamente intocável e foi respeitado pela Varandas de Sousa em todos os momentos e circunstâncias”.
“No sábado foi, inclusivamente, feita uma comunicação interna (inequívoca) nesse sentido aos trabalhadores, sempre no respeito integral da lei. A ACT verificou este procedimento da Varandas de Sousa destinado a combater rumores e falsidades. A instrumentalização da empresa para fins político-partidários é inadmissível e deve ser rejeitada por todos”, salientou.