Na área da urologia, o Hospital de São Teotónio tem apenas 4 profissionais, o que segundo os próprios é insuficiente dada a população que o hospital abrange. Consideram ainda que é essencial um serviço de radioterapia, visto que agora os doentes têm que se deslocar a Vila Real ou a Coimbra, o que acarreta custos elevados nas deslocações.
Segundo o Jornal de Notícias, para os profissionais esta situação é crítica pois como estamos perante uma população muito envelhecida em que os problemas de próstata surge com alguma frequência e são necessários mais especialistas para diagnosticar doenças oncológicas, nomeadamente o carcinoma da próstata, que é uma doença muito letal nos homens.
O médico Paulo Rebelo, que conta com quase 30 anos na especialidade afirma que “nível do Serviço Nacional de Saúde somos apenas quatro profissionais no hospital da cidade”.
Para o profissional, este serviço público está com dificuldade para responder aos pedidos solicitados. “Tentamos. Tentamos, mas manifestamente somos poucos. Damos o nosso melhor para atender as pessoas, mas é uma população muito grande. É o que temos. Seis urologistas seria o ideal”, refere.
No Hospital de São Teotónio, segundo o Jornal de Notícias, os doentes são consultados entre 60 a 75 dias após a triagem, considerando o médico que mesmo assim não varia muito ao que acontece noutros locais.
Relativamente à radioterapia esta ainda não é uma realidade, segundo Paulo Rebelo, “Já se falou nisso há muito tempo e durante muitas vezes, mas até agora nada. O que fazemos é encaminhar os doentes para o IPO de Coimbra ou para o serviço de radioterapia de Vila Real”, considerando que esta situação acarreta despesas para os doentes no que respeita às deslocações, pois tanto para Vila Real como Coimbra a viagem é de cerca de uma hora.
As patologias associadas com a próstata têm uma sintomatologia difícil de detetar porque muitas das vezes são confundidas com outros problemas de saúde, como urinários ou disfunção sexual, e nesse sentido é essencial que os homens a partir dos 45 anos façam um diagnóstico através da análise sanguínea PSA, um antigénio específico da próstata, e toque retal, para evitar o diagnóstico numa fase muito avançada.
“A área urológica de Viseu é muito grande e com muitas zonas rurais. Notam-se aí muitos mitos e desinformação que é preciso combater. Graça muito por aí a ideia de que não tendo sintomas, não há doença. Faltam muitas noções de prevenção”, considerando essencial um trabalho de informação para com as populações.
O Jornal de Notícias, Diário de Notícias e TSF desenvolveram um projeto intitulado “Próstata de Lés a Lés” em colaboração com a Associação de Doentes da Próstata e Associação Portuguesa de Urologia e neste âmbito surgiu a entrevista aos profissionais de saúde no sentido de dar conhecimentos relativamente a estas doenças. Paulo Rebelo refere ainda que nos últimos anos se têm feito jornadas pedagógicas nos centros de saúde, mas que devido à pandemia este processo foi atrasado.