Jovens, precários e mal pagos são as vítimas da destruição de emprego

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Foto por Candid Business | Flickr
Desapareceram 184 mil trabalhadores nos três escalões salariais mais baixos. Destes, 85%, ou 156 mil, ganhavam 600 euros líquidos ou menos. Já o número de pessoas a auferir salários mais elevados cresceu no segundo trimestre deste ano face ao mesmo período de 2019. O escalão salarial dos que ganham 3000 euros líquidos mensais ou mais registou o maior aumento homólogo, de 14%. Por Esquerda.net

Dinheiro Vivo (DV) analisou os dados divulgados no Inquérito ao Emprego do Instituto Nacional de Estatística (INE), alertando para o expectável agravamento das desigualdades e da pobreza. Na semana passada, a publicação já tinha avançado que os jovens com menos de 35 anos, os contratos mais precários e os licenciados foram os que “mais sofreram com o brutal ajustamento imposto pela crise pandémica”.

De acordo com o DV, as estatísticas oficiais sobre o perfil salarial dos empregados por conta de outrem em Portugal “permite consolidar ainda mais essa ideia de fundo”, revelando que toda a destruição de emprego aconteceu nos salários mais baixos.

Os dados do INE mostram que, no segundo trimestre, foram destruídos cerca de 184 mil postos de trabalho nos três escalões salariais mais baixos (até aos 900 euros). A perda é mais acentuada no grupo dos que auferem de 310 a 600 euros, registando menos 34,8 mil empregos, uma descida de 35% face ao segundo trimestre de 2019, e no escalão dos 600 aos 900 euros, com menos 121,6 mil empregos, o equivalente a uma quebra de quase 40%. Ou seja, mais de 85% do total eram trabalhos pagos a 600 euros ou menos. O número de trabalhadores por conta de outrem a receber de 600 a menos de 900 euros contou com uma redução de 1,5%. Este escalão perdeu 27,3 mil trabalhadores.

O mesmo não se pode dizer dos trabalhadores do escalão salarial mais elevado. Inclusive, o grupo daqueles que recebem remunerações de 3000 euros líquidos ou mais subiu 14%, com mais 5,5 mil pessoas neste escalão. No escalão dos 1200 a 1800 euros líquidos mensais a subida foi de 11%, mais 59 mil casos.

O acréscimo do número de pessoas que auferem salários elevados veio compensar o efeito da destruição massiva de empregos com ordenados inferiores a 900 euros no salário médio da economia, que registou uma subida de 4,5% para 952 euros líquidos mensais.

 

Publicado em Esquerda.net a 13 de agosto de 2020.

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