As candidaturas do Bloco de Esquerda à Assembleia da República pelos círculos eleitorais de Vila Real, Viseu, Bragança e Guarda percorreram a Linha do Douro da Régua ao Pocinho e Regresso, para constatar no local as potencialidades desta linha.
O Bloco reivindica a modernização da linha em todo o percurso e até Barca D’Alva (atualmente encerrado), assim como a muito reclamada ligação a Espanha.
Para o Bloco de Esquerda, “na linha do Douro, os projetos de investimento precisam de sair do papel e ser efetivamente concretizados: a eletrificação de toda a linha, a renovação das carruagens e locomotivas, o reforço dos horários, de modo a conciliar o turismo com a população local que depende dessa ligação para as suas deslocações, a reativação da Linha do Douro até Barca D’Alva (atualmente encerrado) e a muito reclamada ligação a Espanha”.
Os atrasos na execução do plano Ferrovia 2020 têm sido permanentes e arrastam-se por vários anos, impedindo o avanço do processo de modernização da ferrovia, fundamental para mitigar o despovoamento do interior, contribuir para a descarbonização da economia e, acima de tudo, potenciar a qualidade de vida e mobilidade da população.
Foi chamado de Ferrovia 2020, mas o programa de modernização da rede ferroviária nacional, que era para estar totalmente terminado em setembro de 2021, tem atrasos, segundo as últimas notícias, que o arrastam para 2023 fazendo com que, em alguns casos, haja incumprimentos de prazos na ordem dos três anos e meio.
O final de 2023 é apontado como o prazo para a maioria das intervenções anunciadas, entre as quais a eletrificação do troço Marco de Canaveses-Régua, na linha do Douro.
A Assembleia da República aprovou em março, por unanimidade, os projetos de resolução do Bloco de Esquerda, PCP, PEV, PAN e PSD, que defendem a requalificação da Linha do Douro, a reabertura do troço Pocinho – Barca d’Alva e a reativação da ligação a Espanha.
Porém, o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, diz que esse investimento depende de disponibilidade financeira (apesar de haver fundos comunitários para tal em vários programas europeus). Um argumento que já não utiliza quando se compromete com a linha de alta velocidade Lisboa – Porto, no valor de 4,5 mil milhões de euros.
Uma falta de compromisso sentida pelas populações, céticas em relação à tão ansiada reabertura do troço, que de resto está expressa no PNI 2030 (Plano Nacional de Investimentos), onde para o Pocinho-Barca d’Alva apenas consta que “serão feitos os estudos necessários à expansão e reforço da rede onde tal se revele pertinente”.
Durante a visita à linha do Douro (viagem ida e volta Régua-Pocinho), no terreno e em diálogo com profissionais da área ferroviária e utentes da linha, as candidaturas do Bloco puderam identificar vários problemas, “como carruagens muito antigas e uma linha a precisar de requalificação e que já deveria ter sido eletrificada e ainda não foi. Constatámos também a existência de uma aposta no turismo nesta linha específica que tem deixado as populações que necessitam de fazer esta viagem com muitas poucas condições para o fazer. No inverno existem problemas de carruagens extremamente frias e no verão extremamente quentes, falta de condições que também afetam os próprios trabalhadores.”
No Plano Ferroviário Nacional apresentado pelo partido, é defendida “a ferrovia como um instrumento essencial de resposta ao problema de despovoamento do interior do país. Por essa razão, temos vindo a defender que a rede nacional deve fazer a ligação a todas as capitais regionais e distritais.”