Movimentos anti-minas apresentam queixa em Bruxelas contra projecto MIREU

Exploração Mineira
Exploração Mineira
Foto por Shane McLendon | Unsplash
Movimentos anti-minas defendem que os objectivos do financiamento público atribuído ao projeto de investigação europeu MIREU foram negligenciados e acusam-no de “lobbying mineiro”. 31 grupos, 13 dos quais portugueses, já apresentaram queixa à Comissão Europeia.

Segundo notícia do Público, o MIREU é um projeto europeu que estabelece uma rede de regiões mineiras e metalúrgicas por toda a Europa. Alegadamente terá como objectivo assegurar a distribuição sustentada e sustentável de matérias-primas minerais na União Europeia, promovendo o investimento, inovação e crescimento no setor.

No entanto, as associações indicam que as investigações desenvolvidas não tiveram em conta as comunidades envolvidas e afetadas pela exploração de matérias-primas minerais. Entendem assim que falta “credibilidade, tendo em conta a predominância de relatórios de pesquisa elaborados em grande parte por profissionais e entidades ligados à indústria mineira, que defendem uma forte reindustrialização da Europa”, cita o Público.

Nik Völker, da MiningWatch Portugal, denuncia, que “dois dos requisitos eram que isto [a investigação no projecto] fosse feito por sociólogos e envolvendo as comunidades afectadas, mas isto nunca aconteceu”. Acrescenta ainda que “não podemos aceitar que relatórios que orientarão futuras políticas públicas da UE, sejam elaborados de forma aleatória por uma equipa de investigadores de escolas mineiras, organizações de lobbying, consultores da indústria e institutos geológicos”.

Em Portugal, participaram no projecto a Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade Nova de Lisboa (FCT/UNL) e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo, tendo recebido para tal, segundo o comunicado citado pelo Público, 147 mil e 14 mil euros, respectivamente. 

Ainda segundo o comunicado, é dado como exemplo o caso da FCT/UNL que recolheu dados sobre os projetos mineiros da Serra da Argemela, Montalegre e Aljustrel, baseando-se unicamente em dados recolhidos na imprensa e nas redes sociais, quebrando o requisito de envolvimento com a comunidade.

A MiningWatch denuncia também no comunicado a exclusão por parte da FCT/UNL do projecto de mineração em Covas do Barroso, Boticas, que é o “mais concreto em Portugal” e conta com uma “forte contestação por parte da população”.

Questionada pelo Público sobre o assunto, a FCT/UNL não deu resposta em tempo útil.

 

Ver também:

Artigos do Interior do Avesso sobre Exploração Mineira

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