Nem o Emergência Pandémica trava a poluição nos Rios Criz, Dão e Mondego [Entrevista]

Poluição com origem em Tondela pode estar a afetar as populações até Coimbra. Tem origem na Zona Industrial Municipal da Adiça, através de dois focos, a ETAR do Município que recebe os rejeitados da indústria, e as descargas ilegais para os coletores de águas pluviais.

Estes dois focos descarregam em dois locais, antes e depois da povoação de Dardavaz, numa ribeira bem perto do Rio Criz, ainda em Tondela, que por sua vez se junta ao Dão e ao Mondego em plena albufeira da Barragem da Aguieira, entre os concelhos de Santa Comba Dão e Mortágua. Pelo caminho várias captações de água para consumo humano, muitas captações para rega e consumo animal e várias praias fluviais.

Estivemos à conversa com o Movimento Água de Dardavaz, grupo que não desiste de lutar pelo fim da poluição e está a caminho das 4.000 assinaturas.

A Pandemia veio reduzir a poluição deste Ribeiro?

A pandemia não veio reduzir a poluição, antes pelo contrário, em pleno estado de emergência e em período de quarentena, as descargas ilegais no coletor de águas pluviais foram diárias, assim como os rejeitados da ETAR do município sem tratamento.

Um dos focos de poluição são as descargas nos coletores de águas pluviais. Algumas empresas pararam, podemos supor que a poluição vem de algumas das empresas que continuaram a laborar?

Com a paragem de algumas indústrias, que de momento ainda continuam sem laborar, consegue-se perceber melhor a origem das descargas ilegais no coletor de águas pluviais, assim como quem não cumpre com os pré-tratamentos.

Outro foco de poluição à a ETAR Municipal desta Zona Industrial. Com a redução da atividade industrial, deixou de descarregar águas sujas e com espuma?

A ETAR continua a rejeitar águas residuais fora dos parâmetros estipulados por lei. Podemos mesmo verificar muita espuma à superfície da água após rejeição, perto do Rio Criz, sinal evidente de contaminação dos recursos hídricos e falta de oxigênio nos rejeitados.

Desde as declarações que desvalorizavam esta poluição, dizendo que a espuma tinha origem no facto da água estar a bater nas pedras, o município agiu para acabar com estas situações?

Se o município agiu, não se verifica qualquer alteração na situação ambiental de Dardavaz, uma vez que as descargas ilegais continuam a acontecer e a ETAR continua sem fazer o tratamento físico-químico dos afluentes. E não é a “água a bater nas pedras” como diz Sr. Presidente da Câmara de Tondela.

Há uma petição a decorrer, o movimento disse que tinha o objetivo de conseguir 1000 assinaturas, já conseguiram?

O objetivo das 1000 assinaturas já foi a ultrapassado. Estamos agora a apontar para as 4000 mil assinaturas.

Qual o objetivo para essas assinaturas?

O objetivo é que este problema seja discutido pelos vários órgãos de representação, da freguesia ao plenário da Assembleia da República, para pôr fim a um dos maiores atentados ambientais da região centro que dura há mais de 25 anos.

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